Morreram 26 pessoas nas ciclovias de Lisboa em 2019, como disse Carlos Moedas?

Num debate com Fernando Medina, o candidato do PSD à Câmara de Lisboa referiu que morreram 26 pessoas morreram nas ciclovias da capital em 2019. Os números da ANSR não suportam a afirmação.

Foto
Fernando Medina e Carlos Moedas LUSA/TIAGO PETINGA

A frase

“Morreram 26 pessoas nas ciclovias em 2019, em Lisboa.”

O contexto

A mobilidade urbana, em particular a construção de ciclovias, foi um dos temas em discussão durante o debate desta terça-feira entre Fernando Medina e Carlos Moedas. Durante esse momento, o candidato da coligação liderada pelo PSD à Câmara de Lisboa disse considerar que as ciclovias na cidade não estão bem feitas, garantindo que, se for eleito, muda a via destinada a bicicletas na Avenida Almirante Reis. Mais à frente, em resposta a Medina, Moedas referiu, por duas vezes, que “morreram 26 pessoas nas ciclovias”. Na segunda vez em que pronunciou este dado, o ex-eurodeputado vincou que o número era apenas relativo a Lisboa.

Perante a afirmação do adversário, Fernando Medina mostrou-se incrédulo e suspeitou do registo adiantado. “Tem de confirmar os números, de facto”, atirou o actual presidente socialista da autarquia.

Os factos

Consultando o relatório anual de segurança rodoviária de 2019 da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), é possível ver que houve em Portugal, nesse ano, 26 vítimas mortais que viajavam em velocípedes. Este documento não tem a distribuição destas mortes pelas cidades do país, referindo apenas que, das 626 vítimas mortais em acidentes rodoviários em 2019, 76 foram na Área Metropolitana de Lisboa.

De acordo com outros dois relatórios da ANSR sobre a sinistralidade no concelho de Lisboa em 2019, estes partilhados na rede Linkedin pelo vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Miguel Gaspar, não se registou nesse ano qualquer óbito nas estradas do município de condutores de velocípedes: houve um total de oito mortes nas 24 horas que se seguiram a acidentes, e 15 vítimas mortais a 30 dias, todos peões e condutores de veículos ligeiros ou de motociclos.

O PÚBLICO tentou contactar Carlos Moedas para esclarecer a número referido pelo candidato durante o debate, sem sucesso.

O resumo

Em 2019 não houve vítimas mortais resultantes de acidentes rodoviários nas ciclovias de Lisboa nem mortes de condutores de velocípedes no concelho. Assim, a frase de Carlos Moedas é falsa.

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