Universidade de Aveiro transforma garrafas de plástico em fio para impressão 3D

A partir de garrafas de plástico recicladas, o projecto vai desenvolver filamentos para impressão 3D. Isto vai permitir aos alunos e trabalhadores da Universidade de Aveiro serem reembolsados por cada garrafa ou lata que devolvam.

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daniel rocha

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) está a desenvolver filamentos para impressão 3D a partir de garrafas de plástico recicladas, revelou fonte académica à Agência Lusa. Os investigadores estimam que para produzir uma bobine de filamento com elevada incorporação de PET (politereftalato de etileno) – um polímero termoplástico – sejam necessárias, em média, cerca de 160 garrafas PET. Estas são garrafas de água de plástico comuns, correspondentes a cerca de um quilo de plástico triturado.

O projecto a implementar vai permitir aos alunos e trabalhadores da UA serem reembolsados por cada garrafa ou lata que devolvam. Esta devolução vai ser realizada em equipamentos dedicados e adquiridos no âmbito do projecto. O valor do reembolso vai ser creditado no cartão único da UA, já associado aos sistemas de acessos e pagamentos.

Os estudos decorrem no âmbito do projecto Reciclagem e Reembolso de Embalagens de Alumínio e PET (REAP), promovido pela Universidade de Aveiro, um dos oito projectos aprovados para financiamento pelo Programa Ambiente, do Mecanismo Financeiro plurianual (EEA Grants), estabelecido no Acordo do Espaço Económico Europeu. Na execução do projecto, a UA conta com a parceria de uma empresa norueguesa, especialista na implementação do sistema de recolha com reembolso naquele país.

De acordo com uma nota de imprensa da UA, o produto resultante da implementação do projecto-piloto REAP é destinado à indústria recicladora e produtora de embalagens PET e de alumínio, bem como à reciclagem para fins de demonstração e inovação. Os filamentos foram validados pela equipa de investigação do projecto através da impressão 3D de garrafas com novas soluções de design.

“A obtenção de um filamento para impressão 3D não é nada trivial, dado que as propriedades de qualquer polímero (incluindo o PET) vão sendo alteradas consoante as etapas de reciclagem, ou seja, as moléculas vão-se quebrando em cada etapa de reciclagem”, explica Martinho Oliveira, coordenador dessa vertente do projecto REAP e director da Escola Superior Aveiro Norte (ESAN). O coordenador avança ainda que isto constitui um problema: “qualquer processo de produção exige o controlo absoluto das propriedades do material usado”.

Segundo Martinho Oliveira, a equipa de investigação vai prosseguir os estudos “na perspectiva de aumentar a taxa de PET reciclado na produção de cada garrafa e de perceber quais os limites da reciclabilidade do PET”. Em estudo vão estar também outras possibilidades para aplicação de PET reciclado que a UA, por agora, ainda não adiantou.

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