Ventura foi ao Bairro Jamaica rodeado de polícias, mas sem pedido de desculpa

Presidente do Chega insistiu que alguns moradores são “bandidos” numa visita sempre acompanhada pela PSP e por segurança pessoal.

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André Ventura no Bairro Jamaica LUSA/RUI MINDERICO

André Ventura já por diversas vezes acusou alguns moradores do Bairro Jamaica, no concelho do Seixal, de serem “bandidos”. Já foi mesmo condenado em tribunal por esse facto e obrigado a pedir desculpa a uma família, mas o líder do Chega recorreu da sentença. Nesta segunda-feira visitou o bairro da margem Sul do Tejo e insistiu em chamar “bandidos” a alguns moradores. A visita foi rápida, sempre acompanhada por agentes da PSP e Ventura saiu sem pedir desculpa a ninguém.

Quando Ventura chegou à Travessa Vale de Chicharos, uma das “portas” do bairro Jamaica perto das 13h30, já pelo menos uma dezena de polícias, fardados e à paisana, estava no local.

O PÚBLICO questionou o superintendente Viola Silva, que comandava a operação, sobre a razão para a polícia estar presente numa acção de campanha eleitoral e obteve como resposta uma pergunta: “O senhor vive a onde?” O agente explicou depois que é conhecido o litígio entre André Ventura e alguns moradores do bairro e que “há visitas que causam mais preocupações que outras”.

Logo após pisar a rua do bairro, o presidente do Chega, andou cerca de 30 metros, sempre rodeado pelos polícias à paisana e pela sua segurança privada, predispôs-se a falar aos jornalistas.

“Este é um momento especial para o Chega e para mim, pois como se sabe tenho um litígio com este bairro e hoje quisemos mostrar que (…) não temos receio”. “Nem qualquer hesitação em ver com os meus olhos estas situações porque sempre entendi que a política não se faz só a falar no Parlamento. Faz-se a ver a realidade”, justificou.

Ventura insistiu que “alguns moradores são bandidos”, mas que estava ali para mostrar que “também há pessoas de bem” no Bairro. “Eu nunca iria a um sítio onde houvesse só bandidos”, assegurou. Não pediu desculpa a ninguém, mas afirmou que “está aberto a mudar de opinião”.

Questionado pelos jornalistas se visitaria o bairro sem segurança policial, Ventura admitiu que não: “Temos de ter sempre garantida a segurança, quando entendemos que há ameaças. É conhecido o litígio que tenho com moradores deste bairro. Se eu viesse aqui sem avisar as autoridades, o país e as autoridades não compreenderiam. Se eu não viesse acompanhado pela polícia podia ser visto como um acto de provocação. Se não estivesse a polícia se calhar tínhamos tomado outras opções”, acrescentou.

Depois, Ventura andou mais 100 metros e virado para os prédios semiconstruídos, ainda com os tijolos à mostra, ouviu explicações sobre aquelas habitações dadas por militantes da distrital do Seixal do partido.

“Isto é uma vergonha que envergonharia qualquer capital europeia. Estes edifícios devem ser destruídos ou reabilitados e se forem reabilitados as pessoas tem de pagar renda”, afirmou.

Pouco antes de deixar o bairro, o presidente do Chega foi criticado por um morador por ser “acompanhado por tanta polícia” e por uma outra moradora que o acusou ser racista. Ventura negou mais uma vez a acusação.

O “momento especial” de Ventura no Bairro Jamaica durou menos de meia hora.

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