Morreu o dirigente comunista Carlos Costa, que fugiu de Peniche com Cunhal

Ingressou no PCP aos 15 anos e dirigiu o MUD-Juvenil.

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Carlos Costa tinha 93 anos Adriano Miranda

O dirigente comunista Carlos Costa, de 93 anos, morreu esta segunda-feira, revelou o PCP em comunicado. Teve uma intensa vida partidária e, em 1960, foi um dos evadidos do forte de Peniche, com o secretário-geral Álvaro Cunhal.

Homem do norte, de Fafe, filho de um republicano convicto, em 1943, com 15 anos, adere ao Partido Comunista Português e é um dos fundadores do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, por onde passaram diversas gerações de jovens opositores ao Estado Novo.

É preso pela primeira vez em 1948, quando estudava no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, mas é absolvido, por falta de provas, a 11 de Fevereiro de 1950. Um ano depois passa a funcionário do PCP, à clandestinidade e passa a ser responsável da Organização Regional do Algarve. É detido em Albufeira em 1953, passa quatro anos no Aljube e em Caxias, numa situação ilegal, porque a lei só permitia um ano de prisão preventiva. É condenado a 10 anos de prisão e, em 1960, protagoniza com outros militantes e dirigentes comunistas, entre os quais Cunhal, a espectacular fuga do forte de Peniche. Sobe na hierarquia partidária, entra no comité central em 1960, onde se manteve até 2008.

Passa à Direcção Distrital de Lisboa, de responsável das tipografias centrais, das passagens clandestinas de fronteiras e é membro da redacção do Avante! Preso, novamente em 1961, sai em 1969 e, na clandestinidade, dedica-se à Organização Regional do Norte.

A seguir ao 25 de Abril de 1974, integra a Direcção Provisória do Interior com Octávio Pato, Joaquim Gomes, José Vitorino, Blaqui Teixeira e Dias Lourenço. Uma estrutura que prepara o regresso de Cunhal a Portugal e as comemorações do 1.º de Maio.

De 1974 a 1989 é membro da comissão política do comité central, responsável pela Comissão para as Actividades Económicas e do secretariado do comité central. Nesta área publicou diversos livros sobre recuperação económica, defesa do sector nacionalizado e do poder local. De 1976 a 87 foi cabeça de lista do PCP pelo Porto, tendo sido sempre eleito deputado.

Percurso antifascista

Na nota enviada às redacções, o partido liderado por Jerónimo de Sousa começa por transmitir a Margarida Tengarrinha, companheira do antigo dirigente comunista, “e à restante família as suas sentidas condolências”.

Destaca depois o trajecto de Carlos Costa, que exerceu “as mais diversas tarefas e responsabilidades”, tendo “consagrado o essencial da sua vida à luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, contra o fascismo, pela liberdade e a democracia, pelo socialismo”.

“Carlos Costa deixa-nos recordações da sua dedicação e entrega na resistência ao fascismo, pela democracia e o socialismo”, remata o comunicado

Segundo uma nota biográfica disponibilizada pela família e citada pela agência Lusa, o histórico dirigente comunista foi muitas vezes torturado, mas nunca prestou declarações à polícia política da ditadura. Ainda segundo a Lusa, passou os últimos anos de vida no Algarve, tendo morrido no hospital de Portimão.

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