Angelina Jolie confessa o medo pela segurança dos filhos quando estava casada com Brad Pitt

Cinco anos depois da separação, os dois actores continuam em tribunal por causa da regulação das responsabilidades parentais e da guarda de cinco dos seis filhos.

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Em 2009, o casal revelava uma enorme cumplicidade Reuters/MARIO ANZUONI

Foram o casal sensação de Hollywood durante anos e o espelho de uma aparente família perfeita. Porém, o divórcio e a luta pela custódia dos filhos vieram mostrar uma outra realidade. E, em entrevista ao The Guardian, a actriz admite ter sentido medo pela segurança dos filhos.

Não foi uma conversa sobre a sua vida pessoal, mas a experiência que a actriz e activista Angelina Jolie terá tido no seu casamento acabou por ser posta em cima da mesa. Afinal, tratava-se de uma entrevista sobre o novo livro da embaixadora da Boa Vontade da Unicef, Know Your Rights: And Claim Them (em parceria com a Amnistia Internacional e com a advogada de direitos humanos Geraldine Van Bueren)​, quando a própria admite que, enquanto lutou pelos direitos das crianças de uma forma global, não se deu conta que os seus próprios filhos corriam riscos: “Muitas vezes não se pode reconhecer algo de uma forma pessoal, especialmente se o foco estiver nas injustiças globais, porque tudo o resto parece mais pequeno. É tão difícil. Gostaria de poder ter esta discussão e é tão importante...”.

Mas não pode. “Eu... ainda estou na minha própria situação legal. Não posso falar sobre isso”, disse, referindo-se ao momento em que temeu pelos direitos dos seus filhos, num país em que a Declaração Universal dos Direitos da Criança não foi ratificada. “Uma das formas como afecta as crianças é a sua voz em tribunal. Uma criança na Europa teria mais hipóteses de ter voz em tribunal do que uma criança na Califórnia.”

É então que o entrevistador insiste para que a actriz confirme se se está a referir ao casamento com Brad Pitt e a estrela acena com a cabeça, descreve o jornalista, que perguntou directamente se Angelina chegou a temer pela segurança dos filhos. E a actriz verbalizou: “Sim, pela minha família. Por toda a minha família”.

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Reuters/Amnistia Internacional/LACHLAN BA

Do sonho ao pesadelo

A história de Angelina Jolie e Brad Pitt começou, como tantas outras, na indústria cinematográfica, numa rodagem de um filme, Mr. e Mrs. Smith. Na época, Pitt, que estava casado com Jennifer Aniston, divorciou-se, mas o romance manteve-se em segredo. Até que, dois anos depois, anunciaram a relação e uma filha: Angelina estava grávida de Shiloh, a primeira filha do casal, que entretanto teve mais dois filhos biológicos, os gémeos Vivienne e Knox, e adoptou três, Maddox, Zahara e Pax.

Paralelamente às vidas nos ecrãs, o casal somava respeito por todo o mundo graças ao seu activismo e às diversas causas que abraçou, individualmente e em conjunto. Até que, há cinco anos, Angelina entrou com o pedido de divórcio “em nome da saúde da família”, como referiu um advogado da actriz num primeiro comunicado.

No entanto, e apesar de muitos terem falado de na origem da separação poder estar o comportamento errático de Pitt e as suas dependências — o problema com o álcool foi confirmado pelo próprio, em 2019, numa entrevista —, poucos imaginaram que haveria uma questão de violência doméstica. Até que, já este ano, a equipa de advogados que assiste Jolie entregou documentos que poderão atestar os abusos sofridos tanto pela actriz, como pelos seis filhos, sendo que a custódia de cinco (Pax, 17, Zahara, 16, Shiloh, 15, e gémeos de 13 anos Vivienne e Knox) se mantém por regularizar. Maddox, de 20 anos, não está incluído na batalha legal em curso por já não ser menor de idade.

E, por isso, a actriz tenta manter o silêncio mas, sem entrar em detalhes, não esconde que o divórcio foi “traumático": “Há muita coisa que não posso dizer... Penso que no fim de contas, mesmo que tu e algumas pessoas que amas sejam as únicas pessoas que sabem a verdade da tua vida, pelo que lutas, ou pelo que te sacrificas, ou pelo que sofreste, acabas por ficar em paz com isso, independentemente de tudo o que se passa à tua volta.”

Weinstein, ponto de discórdia

Um dos assuntos que mais terá abalado o casamento foi a decisão de Brad Pitt em se associar a um filme em que o nome de Harvey Weinstein também estaria ligado, depois de a actriz ter contado ao marido sobre o abuso sexual de que foi alvo, quando participou em Entre Estranhos e Amantes, aos 21 anos. “Afastei-me e avisei as pessoas a seu respeito. Lembro-me de dizer ao Jonny, o meu primeiro marido, que foi óptimo nesse aspecto, para espalhar a palavra a outros rapazes: não deixem as raparigas irem sozinhas com ele. Pediram-me para fazer O Aviador, mas disse que não porque ele estava envolvido. Nunca mais me associei ou voltei a trabalhar com ele. Foi difícil para mim quando Brad o fez.”

No entanto, Brad Pitt não fez caso das queixas da mulher e aceitou estrelar e trabalhar como produtor no thriller Mata-os Suavemente, de 2012, que a companhia Weinstein distribuiu mais tarde. “Discutimos sobre [o envolvimento de Weinstein].”

Mas nem sempre Brad Pitt manifestou agrado pelo produtor. E, quando Weinstein convidou outra ex do actor, a actriz Gwyneth Paltrow, na altura com 22 anos, a subir ao seu quarto, Brad Pitt terá tido uma reacção muito diferente — consta, até, que confrontou Weinstein na estreia de um filme e o ameaçou fisicamente. Curiosamente a Plan B Productions, empresa de Brad Pitt, está a trabalhar num filme sobre as repórteres do New York Times Jodi Kantor e Megan Twohey, que ajudaram a derrubar Weinstein.

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