Les Prières de Delphine, de Rosine Mbakam, vence 18.º IndieLisboa

O prémio para a Melhor Longa-Metragem Portuguesa foi atribuído a No Táxi de Jack, de Susana Nobre. Festival termina esta segunda-feira.

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Les Prières de Delphine, de Rosine Mbakam dr

O documentário Les Prières de Delphine, da cineasta camaronesa Rosine Mbakam, venceu o Grande Prémio de Longa-Metragem do festival IndieLisboa, que termina esta segunda-feira, tendo o prémio para a Melhor Longa-Metragem Portuguesa sido atribuído a No Táxi de Jack, de Susana Nobre.

Os vencedores do 18.º Festival Internacional de Cinema IndieLisboa, a decorrer desde 20 de Agosto, foram anunciados esta noite numa cerimónia no Pequeno Auditório da Culturgest.

Para o júri da Competição Internacional, composto pelo cineasta Bas Devos, pela professora e autora Erika Balsom e pela dramaturga, actriz e encenadora Joana Craveiro, Les Prières de Delphine "é um poderoso acto de co-criação entre a realizadora e a pessoa retratada”, que “reflecte sobre posicionamento, cumplicidade, e as intersecções de raça, classe e migração”. "[O filme] inscreve-se numa importante linhagem de não-ficção feminista, pedindo-nos que escutemos uma mulher a narrar a sua vida com posse sobre a sua história e dignidade”, considerou o júri.

Les Prières de Delphine, que valeu à realizadora camaronesa radicada na Bélgica o prémio de 15 mil euros, “faz um retrato de uma jovem camaronesa que carrega uma bagagem de sofrimento, pertencente a uma geração de jovens mulheres africanas destruídas pelas nossas sociedades patriarcais e abandonadas para a exploração sexual ocidental, como único meio de sobrevivência”.

O júri decidiu ainda atribuir um Prémio Especial a The Inheritance, de Ephraim Asili, que “cria um espaço para a reunião de vozes, histórias e práticas artísticas da libertação negra”.

O Prémio para Melhor Longa-Metragem Portuguesa, no valor de cinco mil euros, foi para No Táxi do Jack, de Susana Nobre.

O júri da competição nacional, composto pela programadora Mercedes Martínez-Abarca, pelo exibidor e distribuidor Ramiro Ledo Cordeiro e pelo programador Daniel Vadocky, considerou que, “através da história de um homem que pretende passar a reforma no seu próprio país, a realizadora conseguiu captar a luta de uma determinada parte da sociedade portuguesa que emigrou durante a ditadura e regressou à pátria ao fim de décadas”.

“A ternura e o calor com que a realizadora mostra o cuidado com a personagem principal vai além da tela e toca o coração do público”, defenderam os jurados.

O Prémio de Melhor Realização para Longa-Metragem Portuguesa, no valor de mil euros, foi atribuído a Marta Sousa Ribeiro, por Simon Chama, “uma realizadora estreante, que foi capaz de captar não só o desenvolvimento mental, mas também o físico de um menino ao longo de cinco anos, e que enfrenta a separação dos pais”.

“Uma abordagem formal distinta ajuda significativamente a mostrar com sensibilidade todo o espectro de emoções humanas básicas”, considerou o júri.

Este júri atribuiu ainda os prémios para Melhor Curta-Metragem Portuguesa, no valor de dois mil euros, a O que resta, de Daniel Soares, “história tocante e contemplativa, maravilhosamente filmada, sobre um velho que vivia sozinho e que decidiu sacrificar o último ser vivo com quem vive”, e Novo Talento The Yellow Color, no valor de 1500 euros, a The Shift, de Laura Carreira, estreado há um ano no Festival de Veneza, que o indicou para os Prémios Europeus de Cinema, e que entretanto já foi seleccionado para perto de duas dezenas de festivais.

“A realização cirurgicamente precisa retrata uma história forte e emotiva, que mostra o desespero e a crueldade da insegurança no trabalho e a fragilidade das condições de vida em que vivemos”, afirmou o júri sobre este último filme.

No campo das curtas-metragens, mas a nível internacional, o Grande Prémio, no valor de quatro mil euros, foi para Keep Shiftin', de Verena Wagner.

O júri internacional de curtas-metragens, composto pelas realizadoras Bianca Lucas, Mariana Gaivão e Réka Bucsi, deu o Grande Prémio de Curta-Metragem a este filme “pelo seu retrato sensível dos alquimistas modernos”. “Pelo seu olhar rigoroso e único, e por nos imergir num universo transfixante que parece fantástico apesar da sua realidade não-ficcional”, justificaram as juradas.

Este júri atribuiu ainda os prémios de Melhor Curta de Animação a Thank You, de Julian Gallese, de Melhor Curta de Documentário a À la recherche d'Aline”, de Rokhaya Marieme Balde, e de Melhor Curta de Ficção a Come Here, de Marieke Elzerman, todos no valor de 500 euros.

Na sexta-feira, já tinha sido anunciado que a curta-metragem Hunting Day, de Alberto Seixas, vencera o prémio da secção Novíssimos. O júri, composto pela programadora e directora de estudos da HEAD Delphine Jeanneret, pela produtora de cinema Maria João Mayer e pel actriz Mia Tomé, considerou o filme “uma micro-narrativa que personifica aquilo que o cinema é: o faz-de-conta, a imaginação, o questionar a realidade com a ficção”.

O 18.º IndieLisboa termina esta segunda-feira com a exibição de Paraíso, filme de Sérgio Tréfaut, rodado no Brasil.

Em 2022, o festival deverá voltar ao calendário pré-pandemia, e decorrer entre Abril e Maio.

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