O sentido que têm as coisas que não têm sentido

Quantos filmes existem para o espectador só a partir da imaginação estimulada por um texto como este? Porque, se calhar este texto é o único Diários de Otsoga que o leitor vai ver — devia dizer ler? ou “ver”? — preciso de o fazer com todo o cuidado.

Vi Diários de Otsoga ontem, numa sala sem nenhum outro espectador num centro comercial. Atenção, se estamos a falar sobre tempo, ontem não é verdadeiramente ontem. É ontem véspera do dia em que estou a escrever, que não o ontem do dia em que o vou enviar ao jornal, nem do dia em que será publicado e não, necessariamente, o ontem do dia em que o leitor o poderá estar a ler. Já agora não tenho a certeza do que acontece quando não há nenhum espectador na sala, nestes dias multiplex em que a cabine de projecção e o projeccionista foram substituídos por um mecanismo computorizado que eventualmente é pré-programado como a rega de um jardim numa casa desabitada. O que é um filme projetado numa sala onde não estiver ninguém?

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