Lituânia chama embaixadora na China por causa de desavença sobre Taiwan

Lituânia responde à “declaração do Governo chinês de 10 de Agosto”, quando Pequim chamou o seu embaixador em Vílnius e disse que haveria “consequências” pela abertura de representação diplomática de Taiwan no país báltico.

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Pequim considera Taiwan como parte do seu território ANN WANG/Reuters

A Lituânia chamou a sua embaixadora na China para consultas, anunciou esta sexta-feira o Governo lituano, em mais um momento de tensão entre os dois países devido à abertura da primeira representação diplomática na Europa de Taiwan em nome próprio, o que Pequim encarou como um desafio às suas reivindicações sobre a ilha.

Taiwan anunciou em Julho que a missão diplomática em Vílnius seria denominada de Escritório de Representação Taiwanesa na Lituânia. Outras missões na Europa e nos EUA usam o nome da cidade de Taipé, contornando a referência ao nome da ilha.

Pequim considera Taiwan como parte do seu território e, por isso, considera não ter direito ao reconhecimento diplomático, apesar de a ilha ter relações informais com as maiores nações, como os EUA e o Japão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros lituano avançou que a embaixadora em Pequim, Diana Mickeviciene, tinha sido chamada na sequência “da declaração do Governo chinês a 10 de Agosto”. O comunicado referia-se à ameaça de “potenciais consequências” para a Lituânia, caso Vílnius permitisse a abertura do escritório, mas sem adiantar detalhes.

O anúncio da abertura do escritório também levou Pequim a chamar o seu enviado diplomático na Lituânia e pediu ao Governo lituano para fazer o mesmo, considerando que as relações diplomáticas entre os países tinham sido quebradas. Ainda assim, o Governo lituano garantiu que a sua embaixada na China continuava a funcionar normalmente.

Para reforçar o desagrado e posição face a Taiwan, as autoridades chinesas deixaram de emitir novas autorizações de exportação para vários produtos lituanos, o que foi encarado como uma sanção comercial ao país para enviar uma mensagem à União Europeia.

Contudo, o país báltico não parece estar sozinho. Segundo o Governo lituano, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou com o ministro dos Negócios Estrangeiros lituano a 21 de Agosto, tendo acordado uma “acção bilateral coordenada” para ajudar o país a resistir à pressão de Pequim.

O Governo de Vílnius disse também esta sexta-feira que vários diplomatas da União Europeia manifestaram a sua solidariedade para com Mickeviciene. O vice-líder da delegação diplomática da UE na China, Tim Harrington, partilhou no Twitter uma foto de diplomatas do bloco que se reuniram para demonstrar o apoio à homóloga lituana.

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