Crescimento da economia de Abril a Junho compensou quebra da terceira vaga

PIB cresceu perto de 5% em relação aos três primeiros meses do ano e 15,5% face ao segundo trimestre de 2020. Exportações caíram 2% relativamente aos três primeiros meses deste ano.

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As despesas das famílias cresceram 8,4% nos bens não duradouros e serviços face ao primeiro trimestre Rui Gaudêncio

A economia portuguesa cresceu 4,9% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, contrabalançando a quebra que se registou entre Janeiro e Março, quando o país esteve sob fortes restrições por causa do pico de contágios durante a terceira vaga da pandemia.

As contas nacionais do segundo trimestre divulgadas nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam que o Produto Interno Bruto (PIB) “aumentou 4,9% em volume, mais que compensando a variação em cadeia negativa (-3,2%) observada nesse trimestre”.

Quando se compara com o segundo trimestre de 2020, a variação é de 15,5%, porque, como sublinha o INE, está influenciada por um efeito de base: o facto de a economia ter caído de forma abrupta no período de Abril a Junho do ano passado por causa do agravamento da situação epidemiológica a partir de Março.

A variação de 15,5% “é influenciada por um efeito de base, uma vez que as restrições sobre a actividade económica em consequência da pandemia se fizeram sentir de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre de 2020 [Abril e Maio], conduzindo então a uma contracção sem precedente da actividade económica”, explica o INE.

Com a reabertura da economia, depois do confinamento geral, registou-se um aumento da procura interna.

As despesas de consumo das famílias cresceram 8,8% em relação ao primeiro trimestre (aumentaram 12,5% nos bens duradouros e 8,4% nos bens não duradouros e serviços). 

O consumo público aumentou 9,8% em termos reais no segundo trimestre (variação homóloga de 2,8% no 1.º trimestre). Note-se que o consumo público registou uma taxa de variação homóloga negativa no 2.º trimestre de 2020 (de -3,9%), traduzindo o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas de confinamento, que implicaram o encerramento de vários serviços públicos.

Já o investimento, embora tenha recuperado em relação ao período homólogo (ao crescer 10,5%), baixou em relação aos três primeiros meses de 2020 (diminuiu 3,2%).

A formação bruta de capital fixo caiu 2,1%, tendo-se registado uma quebra mais expressiva nos equipamentos de transporte (7,6%) e nas outras máquinas e equipamentos (5,7%). Na construção também se registou uma quebra, mas ligeira (de 0,7%). Só nos produtos de propriedade intelectual, onde se inclui a investigação e desenvolvimento, é que se observou um aumento do investimento (de 1,1%).

Perda nas trocas

Segundo o INE, “o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi positivo, enquanto o contributo da procura externa foi nulo”. O instituto estatístico sublinha que de Abril a Junho se registou “uma perda nos termos de troca” em relação ao segundo trimestre do ano passado, “tendo o comportamento do deflator das importações sido influenciado, em larga medida, pelo crescimento pronunciado dos preços dos produtos energéticos”.

As exportações de bens e serviços (onde se inclui o turismo) cresceram 39,4% no segundo trimestre face ao período homólogo (depois de terem caído 9,6% no trimestre anterior em termos homólogos e quando a queda no segundo trimestre de 2020 fora igualmente de 39,2%).

No entanto, as vendas ao exterior baixaram 2% em relação ao primeiro trimestre deste ano, “verificando-se variações em cadeia de sentidos opostos nas duas componentes”, com uma queda de 5,2% na componente de bens e um aumento de 9,6% na de serviços, explica o INE.

As importações cresceram 34,3% em termos homólogos, mas caíram 0,8% em cadeia (face ao primeiro trimestre).

Outros dados divulgados nesta terça-feira pelo INE, relativos ao turismo, mostram que, já em Julho, o mercado interno registou um crescimento. Com 1,6 milhões de hóspedes e 4,5 milhões de dormidas nesse mês, os níveis da actividade turística ficaram, ainda assim, abaixo dos valores que se registavam antes da pandemia. Face a Julho de 2019 há uma diminuição de superior a 40% no número de hóspedes e uma quebra de 45% nas dormidas.

“Comparando ainda com Julho de 2019, observa-se um crescimento de 6,4% nas dormidas de residentes e um decréscimo de 67,6% nas dormidas de não residentes”, refere o INE.

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