Refugiados afegãos só podem trazer uma esposa para Portugal?

A declaração do ministro da Defesa foi feita quarta-feira em entrevista à RTP, quando se falava do facto de a poligamia ser legal no Afeganistão, ao contrário dos países que se ofereceram para acolher refugiados daquele país.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

A frase

“Os tradutores e intérpretes [afegãos] que trabalharam connosco têm o direito de trazer uma esposa, no caso de haver mais do que uma, como acontece, por vezes, no Afeganistão”
João Gomes Cravinho

O contexto

A declaração do ministro da Defesa foi feita quarta-feira em entrevista à RTP, quando se falava do facto de a poligamia ser legal no Afeganistão, ao contrário dos países que se ofereceram para acolher refugiados daquele país.

Os factos

Os primeiros refugiados afegãos, 24, chegaram esta sexta-feira a solo português, ao Aeródromo de Figo Maduro em Lisboa. Viajaram num avião militar Hércules C130 e tinham à sua espera uma delegação chefiada pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. 

Segundo o Governo português, numa primeira fase, “estas pessoas permanecerão em centros de acolhimento temporário. Numa segunda fase, vão ser procuradas “soluções habitacionais, escolares, de formação profissional e de entrada no mercado de trabalho”. 

Na sequência da tomada do poder violenta pelos taliban no Afeganistão, Lisboa tinha identificado esta semana uma lista prioritária de 116 afegãos a ser retirados para Portugal, sendo que 20 desses trabalharam “directamente para as forças destacadas portuguesas ao longo de quase 20 anos”, segundo Gomes Cravinho. 

Em resumo

A frase de Gomes Cravinho é verdadeira, mas o que o ministro não explicou bem na quarta-feira foi que nenhum dos 20 colaboradores afegãos das forças destacadas portuguesas em Cabul pediu para trazer mais do que uma esposa. A maior parte dos afegãos que fazem parte dessa lista de 116 pessoas são, aliás, filhos menores. Por outro lado, segundo o Ministério da Defesa Nacional, os países da NATO têm regras específicas sobre refugiados prioritários e já existem precedentes em caso de casamentos poligâmicos.

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