Taliban dão uma semana a funcionários do regime deposto para entrega de armas e bens públicos

Porta-voz dos taliban pediu a todos que cumpram o prazo indicado para que “não haja necessidade de processar ou dar tratamento legal aos infractores que venham a ser encontrados”.

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Reuters/STRINGER

Os taliban deram este sábado a todos os ex-funcionários do Governo deposto o prazo de uma semana para entregarem todos os bens públicos e armas, dando mais um passo na consolidação da sua administração no país.

“Informa-se que todos os que têm na sua posse meios, armas, munições e outros bens do Governo, entreguem os objectos mencionados aos órgãos competentes do Emirado Islâmico [como os taliban designam o Afeganistão] no prazo de uma semana”, disse, através da rede social Twitter o principal porta-voz dos taliban, Zabihulla Mujahid.

O porta-voz pediu a todos que cumpram o prazo indicado para que “não haja necessidade de processar ou dar tratamento legal aos infractores que venham a ser encontrados”.

Depois de conquistarem o poder a 15 de Agosto, os líderes do movimento ordenaram aos seus combatentes para não entrarem nas casas de funcionários públicos, nem confiscarem propriedades do Estado até que houvesse uma decisão dos líderes. Apesar disso, sabe-se que têm perseguido activistas ou jornalistas. 

O apelo de Mujahid à rendição voluntária acontece no dia em que os líderes fundamentalistas devem anunciar a formação do novo governo, que os taliban esperam ter pronto antes da retirada das tropas internacionais, em 31 de Agosto.

O movimento dá, assim, mais um passo para tomar o controlo total do país enquanto os Estados Unidos e os aliados internacionais cumprem a últimas horas de presença da força internacional no Afeganistão.

Os taliban conquistaram Cabul em 15 de Agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em Maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.

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