Bastonário dos Veterinários quer saber quantos animais abandonados há em Portugal

No Dia Mundial do Cão, que hoje se assinala, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários diz que é preciso haver uma identificação dos animais abandonados. Para além de não existirem dados sobre este assunto, também não há registo dos canis ilegais.

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Rui Gaudencio

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, reafirmou esta quinta-feira, 26 de Agosto, a necessidade de se fazer um levantamento nacional dos animais abandonados, para acabar com o abandono. Em entrevista à Lusa e no âmbito do Dia Mundial do Cão, o bastonário reforçou a necessidade de serem tomadas medidas para acabar com este flagelo.

“Neste momento, nem a Ordem (dos Médicos Veterinários), nem o Governo sabe quantos animais abandonados existem em Portugal. O que não se consegue medir, não se consegue gerir. Se houver vontade política eu diria que em cinco anos esta problemática é residual”, comenta.

O bastonário explica que já foram entregues propostas ao Governo para acabar com o abandono, mas “não se tem feito nada”. Segundo Jorge Cid, uma vez que “o bem-estar animal é uma ciência, as medidas (de combate ao abandono) têm de ser implementadas por técnicos e não por curiosos com boa vontade”.

“Até lá tem de se fazer um esforço na melhoria e no aumento dos alojamentos, nas campanhas de adopção, mas se não formos ao cerne da questão - o não abandono -, nunca mais isto se resolve. Pode melhorar, mas continua a ser uma brutalidade”, acrescenta.

Além de não existirem dados, também não há registo dos canis ilegais. Na opinião do bastonário dos veterinários, apesar destes não terem condições para os animais, “resolvem o problema de muita gente, um problema que, por lei, deveria ser resolvido pelo Estado”.

Quanto à criação do provedor animal, aprovada a 25 de Março de 2021, o bastonário diz-se expectante, mas demonstra-se céptico: “A figura poderá ter interesse se lhe derem poder, capacidade para resolução de problemas, e se juntar pessoas com capacidade. Se for mais um cargo só para dizer que existe não servirá de nada.”

Os dados referentes ao abandono de animais durante o confinamento e as férias de Verão de 2021 ainda não são conhecidos e geralmente são obtidos no final do ano. O responsável admite que “o panorama nacional não tem sido muito animador. Continua a haver muitos animais abandonados, centros de recolha completamente cheios e as adopções não acompanham o ritmo dos abandonos.”

Questionado sobre as adopções na pandemia, o bastonário sublinhou que foi um “período positivo em dois aspectos: registaram-se mais adopções e as pessoas, como tinham mais tempo, acompanharam muito mais os animais, nomeadamente os cães”. Contudo, o bastonário teme agora “o reverso da medalha”, um novo aumento dos abandonos por parte das pessoas que adoptaram animais na pandemia.

Jorge Cid prevê que o número de animais abandonados não esteja “abaixo dos 30 mil”, número ao qual se acrescenta as situações não registadas pelos centros de recolha oficiais, as Câmaras Municipais. Sinalizando o Dia Mundial do Cão, Jorge Cid destaca a importância de lembrar a população sobre ponderar bem o compromisso e responsabilidade que é ter a seu cargo um animal antes de o adoptar.

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