Estudos preliminares da J&J demonstram que dose de reforço aumentou níveis de anticorpos

A segunda dose para a vacina de dose única da Janssen resultou num aumento considerável dos níveis de anticorpos de ligação em pacientes com idades entre os 18 e os 55 anos, e naqueles com 65 anos ou mais que receberam uma dose de reforço mais baixa.

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Dados provisórios mostraram que os anticorpos neutralizantes gerados pela vacina permaneceram estáveis oito meses após a imunização com uma única dose Reuters/MARCO BELLO

Uma dose de reforço da vacina da Johnson & Johnson contra a covid-19 aumentou em nove vezes os níveis de anticorpos, em comparação com a protecção 28 dias após a toma da primeira dose, disse a empresa esta quarta-feira em comunicado, de acordo com dados provisórios de dois ensaios em fase inicial.

Ao contrário dos anticorpos neutralizantes, que destroem o vírus, os anticorpos de ligação, como o nome indica, ligam-se ao vírus, mas não o destroem nem evitam a infecção. Em vez disso, alertam o sistema imunológico da sua presença para que os glóbulos brancos possam ser enviados para destruí-lo.

Vários países, incluindo os Estados Unidos, começaram a oferecer doses de reforço a pessoas mais vulneráveis, incluindo os doentes imunocomprometidos, já que a variante Delta é predominante e algumas pessoas vacinadas ficaram infectadas com o vírus.

Anteriormente, não havia evidências sobre o efeito de uma dose de reforço desta vacina. Os peritos do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em particular, aguardam orientações sobre como aconselhar indivíduos imunocomprometidos que receberam a vacina da Janssen.

De acordo com a J&J, os estudos demonstraram aumentos significativos nas respostas dos anticorpos de ligação em pacientes com idades entre os 18 e os 55 anos, e naqueles com 65 anos ou mais que receberam uma dose de reforço mais baixa.

Os resumos do estudo estão a ser submetidos para revisão. Os resultados foram divulgados antes das conclusões há muito esperadas do grande ensaio da J&J com uma vacina de duas doses. Um porta-voz disse que os resultados estarão disponíveis nas próximas semanas.

Em Julho, a farmacêutica publicou dados provisórios da Fase 1/2a no New England Journal of Medicine, que mostraram que os anticorpos neutralizantes gerados pela vacina permaneceram estáveis oito meses após a imunização com uma única dose.

“Com esses novos dados, também vemos que uma dose de reforço da vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson aumenta ainda mais as respostas de anticorpos entre os participantes do estudo que já tinham recebido a nossa vacina”, explicou Mathai Mammen, chefe de investigação e desenvolvimento da divisão farmacêutica da J&J.

“Estamos ansiosos para discutir com as autoridades de saúde pública uma estratégia potencial para nossa vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson, com reforço de oito meses ou mais após a vacinação de dose única primária”, afirmou.

Vários cientistas levantaram preocupações de que quem recebeu a vacina de dose única precisaria de reforço. Um estudo realizado por uma equipa da Universidade de Nova Iorque descobriu que uma “fracção significativa” de amostras de sangue de receptores da vacina da Johnson & Johnson continham baixos anticorpos neutralizantes contra a Delta e várias outras variantes do coronavírus.

A J&J disse que a empresa está a trabalhar com o CDC, a reguladora norte-americana Food and Drug Administration (FDA), a Agência Europeia do Medicamento, a Organização Mundial da Saúde e outras autoridades de saúde sobre a administração de uma dose de reforço com a vacina Johnson & Johnson.

Por causa da conveniência da dose única e requisitos menos onerosos de armazenamento e transporte, a vacina da Janssen já foi apontada como uma ferramenta importante para vacinações em áreas de difícil alcance. Mas, após preocupações com segurança e tropeços na fabricação, tem a menor aceitação na Europa, e também tem tido dificuldade em vingar nos Estados Unidos.

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