Angelina Jolie quebra novo recorde no Instagram com carta de uma menina afegã

A primeira publicação da actriz foi uma carta que é um relato o sufoco que se vive no Afeganistão. “Achamos que os nossos sonhos estão perdidos”, escreveu a jovem.

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Angelina Jolie é embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados desde 2001 REUTERS/HANDOUT

A história repete-se: Jennifer Aniston volta a ser trocada por Angelina Jolie ─ ambas foram casadas com Brad Pitt. Num curto espaço de tempo, a “Lara Croft” chegou ao Instagram e ultrapassou a “Rachel” de Friends no número de seguidores alcançados. A primeira publicação da embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados foi precisamente a carta de uma menina afegã que relata o sufoco que se vive no Afeganistão, desde que Cabul foi conquistada pelos taliban a 15 de Agosto.

Em apenas três horas, avança o diário espanhol El País, Jolie ultrapassou 2,1 milhões de seguidores, enquanto Aniston ─ que detinha o recorde de chegar a mais de sete milhões de seguidores em 24 horas ─ demorou cinco horas a cruzar a fronteira do milhão de seguidores. Três dias depois de abrir conta na rede social Instagram, a activista soma 8,9 milhões de seguidores.

Mas Angelina Jolie não chegou ao Instagram para partilhar o que veste, o que come ou as viagens que faz e tem um propósito bem definido. “Agora, as pessoas do Afeganistão estão a perder a sua capacidade de comunicar com a comunicação social e para se expressarem livremente. Por isso, venho ao Instagram partilhar as suas histórias e as vozes daqueles que, à volta do mundo, estão a lutar pelos seus direitos humanos básicos”, escreveu a actriz.

Na carta partilhada por Jolie, a adolescente conta como, antes da conquista de Cabul pelos taliban, todos “iam para o trabalho e para a escola”. “Tínhamos direitos e podíamos defender os nossos direitos livremente”, escreve a menina afegã. Agora tudo terá mudado, lamenta. “Temos medo deles e achamos que os nossos sonhos estão perdidos.”

A própria Angelina Jolie partilha a sua experiência na legenda e recorda como, há 20 anos, duas semanas antes dos ataques do 11 de Setembro, estava na fronteira do Afeganistão e conheceu refugiados que tinham fugido aos taliban. “Deixa-me doente ver afegãos a serem desalojados outra vez por culpa do medo e da incerteza que tomou conta do seu país”, lamenta a estrela de cinema, que acrescenta ser “impossível de entender” ver “tanto sangue derramado e vidas perdidas”.

Para a embaixadora da ONU também é “doentio” ver “há décadas como os refugiados afegãos ─ algumas das pessoas mais capazes do mundo ─ são tratados como um fardo”. A situação no país é um retrocesso sobretudo para as “muitas mulheres e meninas que não só queriam educação, como lutaram por ela”.

A educação é um dos pontos centrais da carta da menina afegã, que diz ter medo de ir para a escola por ser “demasiado longe”. “Um dia vieram a nossa casa [os taliban] e ficamos todos assustados. Depois desse dia, pensei a que horas devia ir para a escola de manhã nesta situação, por causa da sua existência”, conta. A menina termina com desalento: “Perdemos todos a nossa liberdade e estamos outra vez aprisionados.”

Angelina Jolie é embaixadora da ONU desde 2001 e, desde então, tem sido voz activa pelos refugiados de todo o mundo, em especial das crianças e mulheres. Esta quarta-feira, a Unicef alertou que cerca de dez milhões de crianças precisam de assistência humanitária no Afeganistão, quando enfrentam problemas de desnutrição ou violação dos seus direitos.

A actriz é mãe de seis filhos, três deles, Maddox, Zahara e Pazx, adoptados no Cambodja, na Etiópia e no Vietname, respectivamente. Jolie e o ex-marido, Brad Pitt, têm-se debatido em tribunal pela guarda dos cinco filhos menores. Na origem do divórcio que surpreendeu o mundo, anunciado em 2016, mas oficializado em 2019, terá estado o problema do actor com o álcool — confirmado pelo próprio — e os seus comportamentos violentos.

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