Depois da violência em Nice vêm os castigos – e não só para os adeptos

A Liga francesa crê que havia condições para o Nice-Marselha ser retomado, algo que pode acarretar consequências para os marselheses, que recusaram regressar à partida.

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Reuters/ERIC GAILLARD

Multas, proibição de entrada em recintos desportivos e até mesmo penas de prisão. É isto que pode acontecer aos adeptos que invadiram neste domingo o relvado durante o Nice-Marselha, da Liga francesa.

Segundo o Ministério Público gaulês, foram abertas investigações aos adeptos que atiraram objectos para o relvado, segundos antes de invadirem o relvado para agredirem os jogadores do Marselha, levando à interrupção da partida – os atletas marselheses recusaram regressar ao jogo.

Mas não são apenas os adeptos do Nice que incorrem em sanções. Também o Marselha poderá sofrer um pesado castigo, sendo penalizado com derrota neste jogo. É que, segundo a Liga francesa, havia condições para o jogo ser retomado.

“A decisão de retomar o encontro foi tomada, juntamente com o governo dos Alpes-Marítimos, de forma a garantir a ordem pública e a segurança dos 32 mil espectadores presentes no estádio. A LFP apoiou esta decisão do governo, como sempre acontece”, apontou o organismo, nesta segunda-feira, em comunicado.

Tal equivale a dizer que a recusa do Marselha em voltar à partida, contrariando a decisão da organização do jogo, poderá levar a uma derrota por falta de comparência, além de uma possível multa.

O jornal francês Le Figaro resume o problema: “De um ponto de vista puramente regulamentar, a situação é agora clara: o Marselha perdeu o jogo e apenas o resultado do jogo - 1-0, como quando o jogo deveria ter sido reiniciado, ou 3-0 como é frequente nestes casos - permanece por determinar. Isto é algo que o clube irá obviamente contestar, argumentando que não reiniciaram o jogo devido à agressão sofrida por vários dos seus jogadores”, pode ler-se.

Steve Mandanda, capitão do Marselha, já justificou a recusa dos jogadores. “É inaceitável que os adeptos possam entrar em campo assim. Logo no início de jogo houve problemas com o atirar de garrafas, depois aconteceu com aquilo com o Payet. Os adeptos entraram e isso é inadmissível. Aí, a nossa segurança já não estava assegurada. Foi o que dissemos ao delegado de jogo. Alguns dos nossos jogadores ficaram com arranhões e ferimentos ligeiros. Quando vemos que 500 ou mil adeptos podem entrar assim para nos agredir é algo que não podemos permitir. Por tudo isto não vimos condições para voltar ao terreno”, explicou ao site do clube.

Já Roxane Maracineanu, ministra do desporto, não quis contrariar as autoridades, mas avançou nesta segunda-feira que tende a compreender os jogadores do Marselha. “Estou contente que se tenham protegido. Vamos permitir que os jogadores sejam insultados e atingidos com garrafas de água? Isso não é admissível. Eles estão para jogar, cabe aos dirigentes responsabilizar os adeptos. O inquérito vai determinar se o jogo deveria ter sido retomado. O que posso dizer é que se os jogadores se sentiram em perigo fizeram bem em ficar no balneário”.

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