Terceira dose da vacina já está a ter impacto na epidemia em Israel, dizem especialistas

Estudos mostram valores da protecção acrescida dos maiores de 60 anos que receberam dose de reforço.

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Desde Julho, já foram vacinadas com a terceira dose 1,1 milhões de israelitas Reuters/NIR ELIAS

A terceira dose da vacina da Pfizer-BioNtech contra a covid-19, já administrada a 60% dos israelitas com idades entre os 60 e os 69, no meio de uma nova vaga de infecções no país causada pela variante Delta, estará já a fazer diminuir as infecções. Há estudos que mostram a eficácia da dose de reforço a evitar a transmissão do coronavírus ou a evitar doença grave.

Números divulgados pelo Ministério da Saúde de Israel no fim-de-semana revelam que houve 215,9 casos graves de covid-19 em cada 100 mil pessoas não vacinadas com mais de 60 anos, mas apenas 21 casos graves em cada 100 mil pessoas do mesmo grupo etário que tinham recebido pelo menos duas doses da vacina da Pfizer (a única usada em Israel), diz o jornal Ha’aretz. Isto quer dizer que não estar vacinado torna dez vezes mais provável vir a ter uma infecção grave pelo vírus SARS-CoV-2.

Mas metade dos doentes internados com covid-19 grave neste momento em Israel foi vacinada pelo menos há cinco meses, diz a norte-americana NPR, citando médicos israelitas. São estes dados que fundamentaram a decisão de ter iniciado a administração da terceira dose a pessoas com problemas imunitários, depois passou-se para os maiores de 60 anos e agora está-se a chegar à faixa dos 40 anos. Desde Julho, já foram vacinadas com a terceira dose cerca de 1,1 milhões de pessoas.

Dois estudos israelitas recentes contabilizam a protecção acrescida contra doença grave pela terceira dose da vacina em pessoas com mais de 60 anos.

Segundo dados do Ministério da Saúde de Israel, quem recebeu três doses da vacina tem quatro vezes mais protecção contra a infecção pelo coronavírus, após dez dias da administração da vacina, do que quem tem apenas duas doses. Quem tem três doses, tem seis vezes menos riscos de vir a sofrer doença grave ou precisar de ser hospitalizado por covid-19.

Outro estudo, dos Serviços de Saúde Maccabi – que servem cerca de um quarto dos 9,3 milhões de habitantes de Israel, diz a agência Reuters – concluía que a terceira dose da vacina da Pfizer tinha uma eficácia de 86% a proteger pessoas maiores de 60 anos da infecção pelo coronavírus.

O estudo comparou 149.144 pessoas com mais de 60 anos que tinham recebido a dose de reforço há pelo menos uma semana com 675.630 que tivessem recebido duas doses entre Janeiro e Fevereiro. O resultado foi que mesmo assim 37 pessoas com três doses da vacina foram infectadas, mas houve 1064 casos entre os que tiveram só duas doses, diz a Reuters.

“A terceira dose é altamente eficaz tanto contra a infecção pelo SARS-CoV-2 como contra a doença grave. Está a demonstrar a sua eficácia face à variante Delta”, disse Ana Ekka Zohar, responsável pela divisão de Qualidade, Investigação e Saúde Digital do Centro Maccabi, citado pelo jornal Ha’aretz.

“Podemos dizer que as doses de reforço estão a cumprir a sua função no sentido de que estão a reduzir a taxa de infecção nas pessoas com mais de 60 e 50 anos”, disse o epidemiologista Ran Balicer ao Ha’aretz na semana passada, apontando que a infecção está no nível mais baixo dos últimos dois meses, nota o Ha’aretz. No entanto, esta taxa aumentou dez vezes desde Julho. Ainda assim, no domingo havia 670 casos graves de pessoas internadas.

A Pfizer, que comercializa a vacina desenvolvida pela empresa alemã BioNtech, tem defendido que a eficácia da vacina diminui com o tempo, e que é necessária uma terceira dose para manter os anticorpos neutralizantes ao nível do início da vacinação. 

A Organização Mundial da Saúde, no entanto, não recomenda a terceira dose e critica os países que avançam com esta dose de reforço, quando tantos países no mundo não conseguiram sequer arrancar com a sua campanha de vacinação contra a covid-19.

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