Defesa do Benfica fez a diferença no ataque

“Encarnados” bateram o Gil Vicente e vão continuar no topo da classificação da Liga após a 3.ª jornada, com um registo 100% vitorioso.

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EPA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

A mesma fórmula, o mesmo resultado. Jorge Jesus voltou a lavar a cara ao Benfica, há várias semanas dividido entre as frentes nacional e europeia, e a equipa respondeu da melhor forma. Num jogo de sentido único, os “encarnados” demoraram a quebrar a resistência do Gil Vicente, mas, quando o conseguiram, fizeram-no em dose dupla (0-2) e, à 3.ª jornada, mantêm-se no topo da tabela classificativa.

Este é um daqueles casos em que pode dizer-se, sem margem de erro, que a defesa foi o melhor ataque. Com Gilberto, Gil Dias, Meïte, Taarabt, Everton e Gonçalo Ramos de início, o Benfica cedo tomou conta das operações, no seu habitual 3x4x2x1, forçando o adversário a trabalhar sem bola.

Com os alas muito por dentro e um posicionamento agressivo, as “águias” encontraram com alguma facilidade espaço para trabalhar dentro do bloco contrário (mérito de Meïte, Taarabt e Everton, essencialmente), mas não foram capazes de definir com o nível necessário para se colocarem cedo em vantagem. Taarabt começou por ameaçar com um remate ao poste (9’), Gilberto colocou a bola na baliza e viu o lance anulado por fora-de-jogo (10’), Taarabt bateu um livre directo para defesa de Kriticiuk e Yaremchuk atirou por cima, após toque de calcanhar de Everton (33’).

Em 4x4x2, o Gil Vicente optou por não pressionar a primeira fase de construção adversária e essa liberdade deixou Veríssimo, Otamendi e Morato confortáveis com bola. E se Gilberto (à direita) e Gil Dias (à esquerda) se limitaram a criar superioridade com bola, raramente tomando as melhores decisões no último terço, acabou por ser no corredor central que a equipa evidenciou mais lucidez.

Um remate de fora da área de Fujimoto, para defesa fácil de Vlachodimos, foi o que o Gil Vicente levou para o balneário ao intervalo. Isso e um guarda-redes altamente motivado, que continuaria a adiar o golo adversário no reatamento. Jorge Jesus foi obrigado a mexer mais cedo do que pretendia, retirando tempo de descanso a João Mário e Pizzi, e o impacto foi imediato, com uma circulação de bola mais fluida e um cruzamento teleguiado que Gonçalo Ramos desaproveitou, já dentro da pequena área (64’).

O Benfica mostrava vontade de correr mais riscos e antes já tinha visto um novo golo anulado (no caso a Yaremchuk, aos 56’), quando começava a explorar melhor a largura. Ricardo Soares percebeu que o Gil estava em apuros e mudou a estrutura, lançando Hackman e passando a jogar com uma linha defensiva de cinco (5x4x1). Mas o aperto era grande e o desgaste acumulado nos minhotos indisfarçável.

Kritciuk foi defendendo o que podia, incluindo um remate potente, em zona frontal, de João Mário (81’), mas aos 84’ foi impotente para travar o desvio de Lucas Veríssimo. Um remate frustrado de Pizzi foi aproveitado pelo central brasileiro, que bisou no campeonato, com uma conclusão de pé esquerdo (84’).

O Benfica dava expressão ao domínio avassalador que exercia, mas o momento mais exuberante da partida estava guardado para os 88’. Grimaldo, saído do banco aos 71’, arrancou um remate em arco a mais de 20 metros da baliza e assinou um golo para ver e rever. Era o xeque-mate num Gil Vicente que gerou apenas uma ocasião de perigo no segundo tempo (Murilo, aos 60’) e que nunca saiu verdadeiramente do modo de sobrevivência.

Com este resultado, o Benfica mantém o registo 100% vitorioso na presente temporada e leva na bagagem, para Eindhoven, uma dose extra de confiança, para aplicar num jogo que vale milhões.

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