Mariana Vieira da Silva: “É inevitável que todos os partidos venham a ser liderados por mulheres”

Ministra da Presidência está no lugar de António Costa durante quinze dias. É a primeira vez.

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Mariana Vieira da Silva está a substituir António Costa daniel rocha

Mariana Vieira da Silva está primeira-ministra. Durante quinze dias, enquanto António Costa estiver de férias, cabe-lhe a ela toda a coordenação do Governo. Nesta sexta-feira, preside ao Conselho de Ministros sobre uma matéria em que se tem especializado desde Março de 2020: a pandemia. Em entrevista ao Jornal Económico publicada hoje, a ministra da Presidência fala sobre este período da sua vida de governante, assume-o com naturalidade e diz que é também uma questão de hierarquia.

“Para mim, é uma coisa normal”, diz a ministra sobre o facto de estar a ocupar, ainda que temporariamente, o cargo de chefe do Governo. “Há uma hierarquia e face a este período, neste momento, estou eu”, explica. “Há pessoas que estão muitas vezes fora do país...Por exemplo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, que está acima de mim na hierarquia, tem bastantes viagens. Portanto, esta necessidade de substituição acontece muitas vezes. É por isso que digo que para mim é uma coisa normal. As instituições têm de funcionar”.

Na entrevista feita por João Marcelino, a governante insiste que as suas funções não mudaram, não tirando nenhuma conclusão quanto ao futuro. Mas vai dizendo, a propósito da importância da Lei das Quotas e do PS, que acredita que o seu partido, como outros, venha a ter uma secretária-geral. “É essa a mudança com mais significado que o país tem feito nas últimas décadas, a partir da existência da Lei das Quotas que trouxe mais mulheres para a política. Inevitavelmente, isso fará com que todos os partidos venham a ser liderados, em momentos diferentes, por mulheres”.

O mais importante, para a ministra de Estado e da Presidência, é, porém, “que o PS tenha muitos quadros disponíveis para um futuro que ainda é longínquo”.

Ao Observador, em Junho, Mariana Vieira da Silva tentou manter-se à margem desse cenário, com o cuidado de não fechar a porta. “Não faz sentido dizer que estou ou não estou nesse grupo. Acho que é demasiado cedo. Não vou dizer nem uma coisa nem a outra”. Ao mesmo tempo, sublinhava: “Se me pergunta se o meu perfil, a minha vontade, se alguma vez pensei nisso, não. Mas não vou estar a dizer nunca na vida porque acho que na vida política devemos saber que esses nunca não são sequer sérios e realistas.”

Nesta sexta-feira, o Expresso escreve que a decisão e António Costa de deixar Mariana Vieira da Silva no seu lugar, durante as férias (ainda para mais nas vésperas do congresso do partido), é vista no interior do PS como se quisesse puxar pela sua ministra, no Governo e no partido. Mas o primeiro-ministro no mesmo jornal, recusa esse tipo de leituras: “Não vou designar herdeiros e já disse muitas vezes que não apoiarei ninguém. Votarei, mas abster-me-ei de me pronunciar publicamente sobre a minha sucessão e não condicionarei minimamente o PS, nem quem quer que seja a disputar a liderança”, disse sobre eventuais disputas de liderança no futuro do PS.

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