China aconselha ao Reino Unido mais ajuda e menos pressão a lidar com o Afeganistão

Numa conversa por telefone, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China disse ao seu homólogo britânico que o Afeganistão “não deve ser transformado num campo de batalha geoestratégico”.

Foto
Wang Yi referiu-se também aos EUA, sublinhado que o Afeganistão é "mais um mau exemplo" para o país Reuters/POOL

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse que o Afeganistão “não deve ser transformado num campo de batalha geoestratégico”, numa conversa por telefone com o seu homólogo do Reino Unido, Dominic Raab.

“A situação no Afeganistão ainda é instável e incerta, e a comunidade internacional deve encorajar e guiar o país numa direcção positiva, em vez de exercer uma pressão excessiva”, disse Wang, segundo uma transcrição do Governo chinês citada pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong.

“A comunidade internacional deve respeitar a independência e a soberania do Afeganistão e a vontade do seu povo, e deve dialogar mais e abster-se de olhar para a situação com preconceitos”, disse o ministro chinês.

Na sequência da queda do Governo afegão, no último fim-de-semana, a China surgiu como um dos poucos interlocutores dos taliban, mas ainda não deu o passo para reconhecer formalmente a autoridade do movimento fundamentalista islâmico.

Na quinta-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, disse que o Governo chinês desconfia das verdadeiras intenções dos taliban, mas acrescentou que “nada no mundo é definitivo”.

“O maior desafio para a mudança da situação no Afeganistão tem de reflectir o facto de que, após mais de 40 anos de guerras, o povo afegão deseja estabilidade e não mais guerra e caos”, disse o ministro Wang Yi na conversa com o Dominic Raab.

“A situação no Afeganistão é mais um exemplo negativo, e se os Estados Unidos não aprenderem com estas lições dolorosas, certamente irão surgir outros exemplos negativos.”

Na mesma conversa telefónica, Wang disse que há “sinais positivos” de melhorias nas relações entre a China e o Reino Unido, e pediu ao seu homólogo para que resista a juntar-se aos apelos a um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022.

O Governo britânico e a família real têm sido pressionados no Reino Unido para não marcarem presença em Pequim, como resposta às violações dos direitos humanos na província de Xinjiang, e no meio de um clima hostil por causa da intervenção chinesa em Hong Kong, antiga colónia britânica.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários