“O Haiti está agora de joelhos”, afirma o primeiro-ministro haitiano

O terramoto que devastou uma grande parte do Sul do país fez, segundo o último balanço, 2189 mortos. É um teste aos “limites” do país.

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Os danos do sismos são visíveis em muitos lugares do Sul do país RICARDO ARDUENGO/Reuters
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A ajuda humanitária, atrasada pela tempestade Grace, ainda não chegou a muitas áreas afectadas HENRY ROMERO/Reuters
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As pessoas tiveram de improvisar lugares para dormir na rua RICARDO ARDUENGO/Reuters
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O terramoto de 7,2 de magnitude da escala de Richter que abalou no sábado o Haiti provocou pelo menos 2189 mortos e 12.268 feridos, segundo o último balanço das autoridades. A agência das Nações Unidas para a infância (Unicef) estima que cerca de 1,2 milhões de pessoas (quase metade crianças) foram afectadas pelo sismo que, nas palavras do primeiro-ministro, Ariel Henry, deixou o país “de joelhos”.

Num vídeo divulgado na noite de quarta-feira, o primeiro-ministro reconheceu a situação crítica do país: “O Haiti está agora de joelhos”, disse. “O terramoto que devastou uma grande parte do Sul do país testa uma vez mais os nossos limites, e a nossa fragilidade”, acrescentou.

A Protecção Civil informou que a maioria das mortes e dos feridos foram registados no Sul do país. No total, cerca de 53 mil casas terão sido destruídas, sendo mais de 77 mil as que ficaram danificadas. A localidade mais afectada é Marigot, a Sul de Port-au-Prince,​ onde 500 das 615 casas ficaram destruídas.

Aos estragos do terramoto somaram-se os danos provocados pela tempestade tropical Grace, que dificultou os esforços de resgate e assistência. E, depois de mais uma noite de chuva, a população de Les Cayes, incluindo os que se refugiaram em tendas no centro da cidade, lamentaram-se da escassa assistência.

Falta de ajuda humanitária

Têm faltado os bens mais essenciais, como alimentos, água potável, e abrigo para a chuva. Segundo as autoridades, tanques de água potável foram destruídos durante o terramoto. Com a tempestade, muitos abrigos foram inundados e “nem as organizações não-governamentais chegaram”, disse um líder da comunidade de Marigot, citado pela Reuters.

Jerry Chandler, dirigente da Protecção Civil do Haiti, afirmou em conferência de imprensa que a assistência ainda não tinha chegado a muitas áreas, mas acrescentou que os responsáveis estavam a trabalhar arduamente nesse sentido. Segundo Chandler, pelo menos 600 mil pessoas necessitam de ajuda humanitária e 135 mil famílias estão deslocadas.

Já a Unicef estimou que cerca de 1,2 milhões de pessoas, incluindo 540 mil crianças, foram afectadas pelo sismo e que meio milhão de crianças têm acesso limitado ou nenhum a serviços básicos. O representante da Unicef no Haiti, Bruno Maes, alertou para a situação das crianças haitianas e destacou os danos provocados nas escolas.

Além das más condições no terreno, os dirigentes tiveram de negociar com gangues no distrito de Martissant para poderem passar duas colunas humanitárias pela área, informou o Serviço da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários.

“Pouco mais de uma década depois, o Haiti está outra vez a cambalear”, dizia a directora executiva da UNICEF, Henrietta Fore, aludindo ao sismo de 2010 que destruiu a capital do país e fez mais de 200 mil mortos. Além disso, o Haiti já enfrentava a pandemia de covid-19, a violência de gangues, a pobreza crescente e a incerteza política na sequência do assassinato do Presidente Jovenel Moïse, a 7 de Julho.​ 

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