Activistas de Hong Kong envolvem Jimmy Lai numa conspiração com forças estrangeiras

Andy Li e Chan Tse Wah afirmam que o magnata pró-democracia era o cérebro de uma campanha internacional para conseguir sanções contra as autoridades de Hong Kong.

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A carrinha onde foi transportado Andy Li para o tribunal. A segurança foi reforçada para o julgamento TYRONE SIU/Reuters

Dois activistas de Hong Kong declararam-se esta quinta-feira culpados do crime de conspiração com forças estrangeiras, no âmbito de um acordo em que acusam o magnata Jimmy Lai, dono do jornal pró-democracia Apple Daily que se viu obrigado a fechar, actualmente preso, como o “cérebro” por trás de uma campanha para promover sanções internacionais contra as autoridades de Hong Kong.

Andy Li, de 31 anos, e Chan Tse Wah, de 30 anos, admitiram em tribunal que colaboraram com Jimmy Lai e com o seu ex-assessor Mark Simon na alegada campanha entre Julho de 2020 e Fevereiro de 2021.

“Aceito os factos e quero dizê-lo: sinto muito”, disse Li, que foi detido junto com mais uma dezena de pessoas quando tentava fugir por mar para Taiwan no ano passado, de acordo com a agência Bloomberg.

De acordo com a Hong Kong Free Press, a segurança na sala de tribunal era apertada, com agentes do Departamento de Serviços Correccionais a usarem pela primeira vez coletes de protecção negros para se sentarem ao lado de Li e Chan.

Esta é a primeira declaração de culpa entre os acusados com base na controversa lei de segurança nacional e que permitirá aos acusados beneficiar de uma redução da pena. Além disso, permite reforçar o processo contra Lai, que tem previsto comparecer em tribunal no dia 12 de Outubro.

A Aliança Interparlamentar da China (IPAC), com sede no Reino Unido, já veio questionar este acordo pela voz do seu coordenador, Luke de Pulford, receando a “dureza” e os “maus tratos” que terá sofrido alguém como Li para dar esse passo. “Ninguém deve levar a sério os ‘factos’ recolhidos por esta vergonha de sistema legal corrupto”, afirmou em declarações à agência DPA.

Por seu lado, Mark Simon, também referido neste processo, e que não está em Hong Kong, referiu que não é “nenhum segredo” que pagou anúncios internacionais de maneira a alertar para a deriva antidemocrática na antiga colónia britânica, mas procurou desvincular Jimmy Lai disso: “Cérebros de algo? Não, a minha vaidade não é assim tão grande”, assegurou à Bloomberg.

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