Os anos 1920 foram um sonho febril e Portugal vestiu-o no Chiado

Entre a I Guerra, a Grande Depressão e o Estado Novo, a década foi um hiato de desfiles de pernas na Baixa com modernistas e políticos a opinar sobre vestidos num mundo acelerado pelo jazz, cinema e desporto. Mas à espreita estavam as novas opressões, da ditadura militar aos ditames da moda.

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Gabrielle "Coco" Chanel é o nome internacional que marca a moda de autor da década Getty Images

A tentação é grande: recordar os anos 1920 é encher os olhos da mente com flapper girls de cabelos e vestidos curtos de franjas a oscilar ao som do jazz e do charleston, um Grande Gatsby de juventude e prosperidade pós-guerra injectado pelo sonho do cinema de Greta Garbo, pela energia do desporto e pelo magnetismo de Paris. O sonho da moda dos anos 1920 foi febril e Portugal vestiu-o no Chiado, nas máquinas de costura caseiras e nas entregas à província, perante o estremunhar de quem vivia sem posses, fora dos grandes centros ou noutra sintonia moral. Um dos seus cronistas (talvez) mais inesperados é o futuro director dos secretariados de Propaganda Nacional e de Informação da ditadura, António Ferro, que enche livros e jornais com crónicas de encanto estético pelas mulheres e com a moda. “Bem haja a grande ilusionista...”, suspira em Praça da Concórdia (1929).

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