Parlamento da Venezuela aprova memorando de entendimento entre Governo e oposição

Presidente da Assembleia relembrou o “apelo à comunidade internacional” que, se quer contribuir para o processo de diálogo, deve deixar de “ameaçar e pressionar a Venezuela”.

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O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mostra o documento assinado pelo seu Governo e pela oposição LEONARDO FERNANDEZ VILORIA/Reuters

A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou de forma unânime o memorando de entendimento assinado entre o Governo e a oposição na semana passada, quando se iniciou o processo de diálogo que ambas as partes classificaram como “construtivo” e cuja continuação está prevista para Setembro.

O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, declarou na terça-feira que o Governo “vai continuar em diálogo” e que espera que a oposição “também”, tendo descrito a aprovação do documento como “um acto soberano”.

Da mesma forma, recordou o “apelo à comunidade internacional” no processo de diálogo e reiterou “que se, de facto querem contribuir para a evolução do processo, devem deixar de ameaçar e pressionar a Venezuela”, segundo avançou a imprensa oficial.

A aprovação da Assembleia Nacional Venezuela implica “endossar” o documento e reafirmar “o compromisso para com o desenvolvimento permanente dos diálogos necessários para garantir a paz, fortalecer a democracia e contribuir para o desenvolvimento e independência”, segundo avançou a televisão estatal VTV.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, quis agradecer a atitude da Assembleia e afirmou que o memorando foi publicado na La Gaceta do país (o diário da República). “Agradeço o apoio e a aprovação dos deputados e deputadas da Assembleia Nacional”, disse na sua conta de Twitter.

O memorando de entendimento enquadra-se nas negociações entre o Governo venezuelano e a oposição, que procuram soluções para pôr fim à crise política, social e económica do país. O memorando estabelece que o processo de diálogo e de negociação assentará em vários pontos, entre os quais se destacam o levantamento de sanções e a restauração de direitos, a garantia das eleições, a convivência política, a renúncia à violência e a protecção da economia.

Estão a ser lideradas pelo Governo e pela Plataforma Unitária, formada por vários partidos e figuras da oposição, entre eles o Primeiro Justiça, de Henrique Capriles, o Vontade Popular, de Leopoldo López e Juan Guaidó, Un Nuevo Tiempo e os tradicionais Copei e Acção Democrática.

Na terça-feira, Freddy Guevara, que foi vice-presidente da Assembleia Nacional entre 2017 e 2018 e representante do Vontade Popular, afirmou estar disposto a participar nas negociações. Espera-se que venha a representar Juan Guaidó, depois de ter sido libertado da prisão no domingo, um mês depois da sua detenção por acusações de terrorismo, consideradas pela oposição como fabricadas.

“Sou um soldado nesta luta e onde puder ser mais útil é onde quero estar”, disse à Reuters. Mas aguarda a posição dos partidos da oposição. Um dia antes, Maduro afirmava que a participação de Guevara era bem-vinda.

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