Mais de mil pessoas foram mortas na Birmânia desde o golpe militar

O secretário da associação que contabilizou as mortes e detenções afirma que “número actual de vítimas é muito superior”. Número de detidos chegou a 7338 desde Fevereiro.

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Os protestos contra o golpe e a Junta Militar têm sido recebidos com violência Reuters/STRINGER

Mais de mil pessoas foram mortas em consequência da repressão exercida contra os manifestantes desde o golpe militar de 1 de Fevereiro na Birmânia, de acordo com os dados avançados esta quarta-feira pela Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), que tem vindo a registar as mortes causadas pelas forças de segurança.

A Junta Militar não comentou os dados. Contudo, afirmaram anteriormente que os números da AAPP, amplamente citados por organizações internacionais, são exagerados. O Exército também disse que vários membros das forças de segurança foram mortos. A associação não inclui estes dados na sua contabilização.

“Segundo os registos da AAPP, 1001 pessoas inocentes foram mortas”, disse à Reuters o secretário da associação, Tate Naing. No final desta quarta-feira o valor subiu para 1006. “O número actual de vítimas é muito superior”, acrescentou Tate.

A associação adianta ainda que, desde o golpe, foram detidas 7338 pessoas, das quais 5730 ainda se encontram na prisão. E no último mês, pelo menos 92 civis foram mortos, incluindo adolescentes, activistas estudantis e membros do partido Liga Nacional para a Democracia – o maior partido que é liderado por Aung San Suu Kyi.

O número de pessoas detidas que foram torturadas pela junta até à morte também aumentou, com pelo menos dez pessoas a serem assassinadas sob custódia no último mês e meio.

O país do Sudeste asiático caiu no caos desde o golpe militar, com protestos a serem organizados diariamente, insurgências a irromperem nas regiões fronteiriças e com ataques disseminados pelo país a prejudicar profundamente a economia.

O Exército destituiu a líder Aung San Suu Kyi, a pretexto de uma alegada fraude nas eleições que deram a vitória à Liga, em Novembro de 2020. A comissão eleitoral e os observadores internacionais afirmaram que as acusações dos militares são infundadas.

As autoridades militares também disseram que a tomada de poder não deveria ser apelidada de golpe, argumentando estar em conformidade com a Constituição.

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