Hong Kong detém quatro estudantes por “apoio ao terrorismo”

Alunos da Universidade de Hong Kong assinaram uma moção que lamentava a morte por suicídio de um homem que esfaqueou um polícia, no início de Julho.

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Os protestos de rua em Honk Kong terminaram em 2020, por causa da pandemia e da aprovação de uma lei desenhada por Pequim EPA/JEROME FAVRE (Arquivo)

Quatro estudantes de Hong Kong foram detidos, esta quarta-feira, sob a acusação de “apoio ao terrorismo”, depois de um sindicato estudantil ter aprovado uma moção a lamentar a morte, por suicídio, de um homem de 50 anos que esfaqueou um polícia.

A polícia de Hong Kong disse que o agente foi esfaqueado pelas costas a 1 de Julho, nos protestos do aniversário do regresso da ex-colónia britânica ao domínio chinês, em 1997.

Depois de esfaquear o polícia, o agressor esfaqueou-se a si próprio no peito e acabou por morrer no hospital. 

O agente, de 28 anos, sofreu uma perfuração num pulmão mas sobreviveu àquilo a que o secretário de Segurança do território, Chris Tang, descreveu como “um acto terrorista cometido por um lobo solitário”.

Pouco depois do ataque, algumas dezenas de membros do sindicato dos estudantes da Universidade de Hong Kong aprovaram uma moção, entretanto retirada, que lamentava a morte do homem e reconhecia “o seu sacrifício”.

Os líderes sindicais demitiram-se e pediram desculpas pela moção, que disseram ser "inadequada”.

O escritório do sindicato no campus universitário foi invadido pela polícia de Hong Kong, e a universidade cortou os laços com o sindicato e proibiu a entrada dos cerca de 30 estudantes que assinaram a moção.

“A moção é chocante”, disse o superintendente Steve Li aos jornalistas.

“Tentou racionalizar e glorificar o terrorismo”, disse Li, acrescentando que “encorajava as pessoas a tentarem o suicídio” e “não se alinhava com os padrões morais”.

Hong Kong está polarizada desde que os manifestantes tomaram as ruas em 2019, para exigirem mais democracia e responsabilização pela violência policial, uma acusação que as autoridades rejeitam.

Os protestos terminaram com a pandemia de covid-19 e na sequência de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020, que criminaliza praticamente todos os actos de desafio a Pequim.

Desde que a lei foi introduzida, os opositores mais proeminentes do Governo foram detidos ou fugiram para o exterior.

Os críticos dizem que a legislação estrangulou os amplos direitos e liberdades no território, enquanto os defensores dizem que restaurou a estabilidade.

Após o ataque de 1 de Julho, algumas pessoas foram ao local do esfaqueamento para deixar flores, motivando a condenação das autoridades, incluindo a líder do Executivo, Carrie Lam.

Lam pediu aos pais e professores que observem o comportamento dos adolescentes e que denunciem às autoridades as pessoas que infringirem a lei.

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