Número de praias com episódios de poluição aumentou 80% neste Verão

Desde a abertura da época balnear, 45 praias nacionais foram desaconselhadas ou viram os banhos proibidos por causa da má qualidade da água. Em casos extremos, 20 dessas praias foram mesmo interditadas temporariamente.

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A Praia dos Pescadores de Albufeira foi uma das afectadas por problemas na água, este ano Nuno Ferreira Santos

A pouco mais de um mês do fim do Verão, o número de praias onde já foi temporariamente desaconselhada ou até imposta a proibição de banhos, aumentou 80% em relação ao ano passado, afectando 45 zonas balneares, contra as 25 de 2020. Ainda assim estes problemas afectam apenas 7% de todas as águas balneares portugueses, assinala a associação ambientalista Zero, que pede mais e melhor informação no sítio da Agência Portuguesa do Ambiente sobre este tipo de situações.

“Existem actualmente 643 águas balneares, com um número muito limitado de praias a revelarem problemas mas de forma mais expressiva que na época balnear passada. O desaconselhamento ou proibição de banhos, mesmo que durante um curto período de tempo, afectou 45 praias, mais 20 que em igual período do ano passado. Nestas zonas balneares as análises ultrapassaram os limites fixados tecnicamente a nível nacional relativamente a pelo menos um dos dois parâmetros microbiológicos que são avaliados (Escherichia coli e Enterococus intestinais)”, nota a Zero.

A associação assinala que, até 15 de Agosto, 20 praias portuguesas chegaram mesmo a ser interditadas por motivos de saúde pública, por ordem do Delegado Regional de Saúde – oito no interior e doze na zona costeira. Em período homólogo, tinham sido apenas 15. A causa das imposições é, segundo a associação ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, a má qualidade da água, por contaminação microbiológica, por exemplo.

Só uma praia Zero afectada

“No decurso da época balnear há necessidade de avaliar a qualidade da água, numa perspectiva de prevenção do risco para a saúde que possa resultar de situações de poluição de curta duração ou de situações anormais, pelo que é realizada uma avaliação pontual (amostra a amostra)”, pode ler-se no sitio online do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hidrícos (SNIRH). Considera-se “água imprópria para banhos” quando um dos parâmetros analisados (Escherichia coli e Enterococus intestinais) ultrapassar os limites fixados por lei.

Segundo a ZERO, que publicou de novo, em 2021, a lista das praias ZERO, galardão só acessível a áreas balneares sem qualquer contaminação nos três anos anteriores, entre as 53 praias classificadas, só a praia da Baleia ou Sul, no concelho de Mafra, teve este ano problemas que levaram à interdição de banhos. “É sempre importante investigar as causas da contaminação e, acima de tudo, prevenir.” Nesse sentido, a associação considera “fundamental identificar a origem dos problemas e apurar responsabilidades.”

Na análise mais detalha às zonas afectadas, a Zero assinala que houve muitas praias interditadas no interior, em “locais mais suscetíveis a descargas, controlo de poluição difusa ou falta de tratamento de águas residuais, que requerem medidas adequadas de controlo” Por outro lado, frisam, outras zonas alvo de restrições “têm classificação Excelente, devendo portanto tratar-se de episódios esporádicos que, no contexto da legislação, até podem não pôr em causa a sua qualidade, mas que devem ter as suas causas devidamente averiguadas”. 

Segundo a APA, estão, actualmente, interditadas apenas duas praias em território nacional, ambas no Norte, e no interior. São elas a praia de Cavez, no concelho de Cabeceiras de Basto, e a praia fluvial de Verim, na Póvoa de Lanhoso. Ainda estão a decorrer as análises à qualidade das águas.

Texto editado por Abel Coentrão

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