Exército libanês confisca gasolina para distribuir de graça à população

Líbano vive actualmente uma grave crise económica e social marcada pela falta de combustíveis, electricidade e bens essenciais.

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Soldados libaneses inspecionam um posto de gasolina em Sidon Reuters/AZIZ TAHER

O Exército libanês anunciou este sábado que confiscará toda a gasolina que permanecer nos postos de gasolina com vista à sua distribuição gratuita entre uma população devastada pela carência de combustível e pela falta de bens essenciais.

“Unidades do Exército confiscarão toda a gasolina embargada e armazenada em estações de serviço fechadas”, alertaram os militares na sua conta no Twitter.

O Exército deu aos responsáveis ​​pelas estações a opção de aderirem à iniciativa de sua livre vontade e distribuir o combustível directamente “sem custos para os cidadãos”.

A escassez de combustível no Líbano tem piorado nos últimos meses ao ponto de o primeiro-ministro, Hassan Diab, ter autorizado um novo tipo de câmbio para a gasolina importada.

No entanto, a crise agravou-se na quarta-feira, quando o governador do Banco Central do Líbano, Riad Salameh, anunciou o fim dos subsídios à importação de combustíveis, no que parecia um alerta para uma nova alta de preços.

As estações de serviço no Líbano estão a fechar ao meio-dia e fornecem um máximo de cerca de 25 litros por veículo, deixando os condutores horas à espera em filas cada vez mais longas.

O presidente libanês, Michel Aoun, convocou uma reunião de gabinete extraordinária para discutir a crise nacional, mas o primeiro-ministro cessante, cujo governo renunciou há um ano, recusou comparecer, argumentando que a Constituição restringe as funções do seu executivo.

A situação foi agravada pelo facto de que os líderes políticos ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre um novo governo, que será liderado pelo empresário Najib Mikati, para encontrar uma saída para a crise e negociar um pacote de recuperação com o Fundo Monetário Internacional. 

Manifestantes em Beirute e noutras partes do Líbano fecharam estradas para protestar contra os cortes de energia e a falta de combustível.

No início da semana, o ministro da Energia em exercício, Raymond Ghajar, estimou que o Líbano precisa de cerca de 3.000 megawatts de eletricidade, mas produz apenas cerca de 750 megawatts. A lacuna foi preenchida durante décadas pelos milhares de proprietários de geradores privados, que também tiveram que cortar o fornecimento devido à escassez de gasóleo.

Os libaneses têm em média duas horas de eletricidade por dia, fornecida pela companhia estatal, entidade que foi acusada de corrupção em várias ocasiões e que, segundo o portal Naharnet, custou aos cofres do Estado mais de 30 mil milhões de euros nas últimas três décadas.

 
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