Terramoto no Haiti causa mais de 700 mortos

Sismo a 150 km da capital Port-au-Prince foi sentido em toda a região das Caraíbas. “O sismo causou elevado número de mortes e enormes danos em Grand’Anse, Nippe e no Sul do país”, confirmou o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry.

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Ralph Tedy Erol/EPA
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Reuters/REUTERS TV

Um terramoto de grande intensidade atingiu o Oeste do Haiti este sábado e foi sentido em todo a região das Caraíbas, causando pelo menos 724 mortos, milhares de feridos e desaparecidos, e o desabamento de muitos edifícios, segundo informação da protecção civil do país, actualizada já neste domingo.

“O sismo causou elevado número de mortes e enormes danos em Grand'Anse, Nippe e no Sul do país”, confirmou o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, que declarou o estado de emergência por um mês.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, aprovou já ajuda imediata ao Haiti, esforço que será coordenado por  Samantha Power, que lidera a Agência dos EUA de Ajuda Internacional.

A Casa Branca não especificou em que consistirá essa ajuda e não esclareceu se enviará imediatamente algum tipo de assistência para o país caribenho que divide com a República Dominicana a ilha de Hispaniola e que é o mais pobre do continente americano.

Também o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, expressou a sua solidariedade “e a de todo o povo espanhol” ao Haiti devido ao grave sismo hoje sofrido, numa mensagem publicada na sua conta oficial da rede social Twitter, na qual acrescentou: “Contais com o apoio de Espanha para seguir em frente após este terrível acontecimento”.

O sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter registou-se a 8 km da cidade de Petit Trou de Nippes, cerca de 150 km a oeste da capital Port-au-Prince, a uma profundidade de 10 km, informou o Instituto Geológico dos EUA (USGS). “É provável que haja muitas vítimas”, informou o USGS, informação confirmada à CNN pela Protecção Civil do Haiti, que emitiu ainda um alerta de tsunami.

Silvera Guillaume, coordenador da protecção civil em Les Cayes, na costa, disse que os recursos estavam a esgotar-se. “É uma situação péssima, morreram pessoas. Há pessoas sob os escombros”, declarou ao Washington Post. “Deslocámos equipas de resgate para retirar os escombros, mas não temos equipas suficientes.”

Residentes de Les Cayes relataram que a água inundou brevemente a cidade costeira de 126 mil habitantes, fazendo temer que um tsunami estivesse a caminho, mas depois pareceu recuar. Segundo a imprensa haitiana, muitas pessoas que vivem ao longo da costa fugiram para as montanhas.

Minutos depois do sismo, um abalo secundário de magnitude 5,2 foi registado a 17 km da cidade de Chantal, igualmente de 10 km de profundidade. De acordo com o portal Gazette Haiti, o sismo foi sentido em Port-au-Prince durante vários segundos.

O país ainda está a recuperar do terramoto de magnitude 7 na escala de Richter de há 11 anos, quando morreram mais de 100 mil pessoas, com as estimativas do Governo haitiano na altura situar o número de vítimas mortais acima das 300 mil. “Está toda a gente com medo. Já se passaram muitos anos desde o último grande terramoto”, disse Daniel Ross, morador da cidade de Guantánamo, no Leste de Cuba, em declarações à Reuters.

No entanto, e apesar de o abalo de sábado ter tido uma magnitude superior ao de 2010, o balanço de vítimas será menos trágico, uma vez que o epicentro se situa numa zona menos densamente habitada que a capital do Haiti.

Ainda assim, os danos são consideráveis. Imagens nas redes sociais mostravam casas em escombros na localidade de Jeremie e ainda uma igreja semi-destruída, entre nuvens de pó. “No meu bairro, ouvi pessoas a gritar. Estavam a fugir de casa”, contou Sephora Pierre Louis, que mora em Port-au-Prince. “Pelo menos, sabiam que tinham de ir para fora de casa. Em 2010, não sabiam o que fazer.”

“Muitas casas foram destruídas, pessoas morreram e algumas estão no hospital”, disse à BBC a jornalista Christella Saint Hilaire, que mora perto do epicentro.

Naomi Verneus, uma moradora de 34 anos de Port-au-Prince, disse à Associated Press que foi acordada pelo sismo quando a sua cama tremeu. “Acordei e nem tive tempo de calçar os sapatos. Vivemos o terramoto de 2010 e tudo que pude fazer foi correr. Lembrei-me imediatamente que os meus dois filhos e minha mãe ainda estavam lá dentro. O meu vizinho entrou e disse-lhes para sair. Corremos todos para a rua”, contou.

“As primeiras imagens que me chegaram são horríveis”, disse no Twitter Renald Lubérice, secretário-geral do conselho de ministros. “O terramoto causou muitos danos no Sul. Esperemos que não haja grandes perdas de vida.”

O terramoto acontece quando o país está no meio de uma crise política, humanitária e de segurança, um mês depois do assassínio do Presidente Jovenel Moïse.

Para complicar mais a situação, é esperado que a tempestade tropical Grace se abata sobre o Haiti entre segunda e terça-feira da próxima semana. Um alerta de tempestade tropical foi emitido este sábado para a República Dominicana pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA e é provável que seja ainda hoje emitido também para o Haiti.

A previsão é de que a tempestade ganhe força nas próximas 24 a 48 horas antes de chegar à ilha Hispaniola, dividida entre Haiti e República Dominicana, com ventos na ordem dos 100 km por hora.

Actualizado com o número de vítimas mortais às 16h40 de domingo

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