“Linhas vermelhas”: mortalidade por covid-19 com “tendência crescente” e acima do limiar do ECDC

Incidência da covid-19 em Portugal apresenta uma “tendência decrescente a nível nacional”, registando-se 317 novos casos a 14 dias por 100 mil habitantes. Mortalidade situou-se em 18,6 óbitos por milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 13% relativamente à semana anterior.

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Número de casos de covid-19 internados em UCI com “tendência estável a decrescente” Manuel Roberto

A mortalidade “específica” por covid-19 em Portugal está “acima” do limiar preconizado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês) e revela uma “tendência crescente”, de acordo com o relatório semanal de monitorização das “linhas vermelhas" elaborado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta sexta-feira.

Segundo dados de 11 de Agosto, a mortalidade por covid-19 situou-se em 18,6 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 13% relativamente à semana anterior — altura em que este valor era de 16,4 óbitos por um milhão de habitantes. O limite estabelecido pelo ECDC é de 10 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes.

Os dados levam o INSA a concluir que “este indicador apresenta uma tendência crescente, que se poderá manter nos próximos dias, dado o aumento do número de novos casos de infecção por SARS-CoV-2 observado no grupo etário acima dos 80 anos”.

Ainda assim, a incidência da covid-19 em Portugal apresenta uma “tendência decrescente a nível nacional”, registando-se 317 novos casos a 14 dias por 100 mil habitantes, segundo dados de 11 de Agosto. Apenas a região do Algarve apresenta uma incidência superior ao limiar de 480 casos a 14 dias por cem mil habitantes, contabilizando 719.

Lisboa e Vale do Tejo regista 332 casos por cem mil habitantes, seguindo-se o Alentejo (323), o Norte (314) e o Centro (210).

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RELATÓRIO LINHAS VERMELHAS

A incidência no grupo dos 65 ou mais anos foi de 126 casos por cem mil habitantes, observando-se uma “tendência estável a decrescente a nível nacional” nesta faixa etária. O grupo com incidência mais elevada é o dos 20 aos 29 anos (711 casos por 100.000 habitantes). Na faixa etária das pessoas com 80 ou mais anos a incidência foi de 156, o que “reflecte um risco de infecção inferior ao risco para a população em geral”.

O índice de transmissibilidade — R(t) — registou valores inferiores a 1 no período de 4 a 8 de Agosto, tendo-se fixado em 0,95 a nível nacional e no continente, o que indica “uma tendência decrescente da incidência” no país e na maioria das regiões de Portugal continental. No Alentejo o R(t) foi de 1,01 — o valor mais elevado em território continental —, o que corresponde a “uma tendência de incidência aproximadamente constante nesta região”.

Comparativamente aos dados apresentados no relatório anterior, o R(t) apresentou uma redução de 1,01 para 0,99 no Centro; de 0,92 para 0,91 no Norte; e de 1,05 para 1,01 no Alentejo. No Algarve o R(t) não sofreu alterações, mantendo-se em 0,94. Por sua vez, a região de Lisboa e Vale do Tejo registou um aumento no R(t) de 0,87 para 0,96 — um valor que permanece ainda abaixo de 1 e que sugere “uma desaceleração da tendência decrescente”.

O número de casos de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) em território continental revelou uma “tendência estável a decrescente”. A 11 de Agosto, havia 169 pacientes com a doença internados em UCI, o que corresponde a 66% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas. Na semana anterior, esta percentagem rondava os 77%.

A faixa etária com maior número de casos de covid-19 internados em UCI é a dos 60 aos 79 anos (88 pessoas em UCI a 11 de Agosto).

A análise dos vários indicadores revela, segundo o INSA, “uma actividade epidémica de SARS-CoV-2 de elevada intensidade, com tendência decrescente a nível nacional, mas estável nas regiões Centro e Alentejo”. O relatório conclui ainda que “a pressão sobre os cuidados de saúde tem tendência decrescente” e que “a mortalidade por covid-19 manter-se-á provavelmente elevada, mas o ritmo de crescimento está a abrandar”.

Variante Delta responsável por 98,9% dos casos

A variante Delta (B.1.617.2), originalmente identificada na Índia, é agora a “variante dominante em todas as regiões”, com uma frequência relativa de 98,9% dos casos avaliados entre 26 de Julho e 1 de Agosto em Portugal. O INSA destaca que a frequência desta variante “tem aumentado em todas as regiões durante as últimas semanas”, com valores acima de 95% em todo o território há mais de duas semanas.

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RELATÓRIO LINHAS VERMELHAS

Já a variante Alpha, associada ao Reino Unido, apresentou uma frequência de 1,1% a nível nacional durante o mesmo período e “apresenta este valor residual de cerca de 1% há três semanas consecutivas”.

Entre 26 de Julho e 1 de Agosto, não foram detectados quaisquer casos das restantes variantes de preocupação, entre as quais a variante Beta (associada à África do Sul) e a Gamma (identificada originalmente em Manaus, Brasil).

Até ao dia 11 de Agosto, foi realizada a sequenciação genómica em 13.807 amostras.

Testagem continua a diminuir

Segundo o relatório, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 a nível nacional foi de 4% — valor igual ao limiar definido a nível internacional — e observou-se um “decréscimo” do número total de testes realizados entre 5 e 11 de Agosto (399.296). Quanto à proporção de casos confirmados notificados com atraso foi de 4,4%, mantendo-se abaixo do limiar de 10%.

No mesmo período, pelo menos 94% dos casos de infecção foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e foram rastreados e isolados, quando necessário, todos os contactos em 78% dos casos. Entre 5 e 11 de Agosto, estiveram envolvidos no processo de rastreamento, em média, 382 profissionais a tempo inteiro, por dia, no continente.

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