Trabalhadores da Dielmar com “salário garantido” até à venda, diz sindicato

Ordenados estarão garantidos até ao fim do processo de venda da têxtil. Trabalhadores não voltam à fábrica na próxima semana e continuarão em casa até serem chamados.

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Enric Vives-Rubio (arquivo)

Os 253 trabalhadores da têxtil Dielmar, em Alcains, vão ter os seus salários garantidos até ao fim do processo de venda da empresa, que se declarou insolvente no início de Agosto. Os operários, na sua maioria mulheres, não vão para já regressar à laboração, o que estava previsto para dia 18 de Agosto, findo o período de férias. Mas num plenário realizado esta tarde, o Sindicato dos Trabalhadores do Têxtil da Beira Baixa comunicou-lhes que o Governo e o administrador de insolvência estão “a trabalhar numa solução” que garanta o pagamento dos ordenados no fim de Agosto. E mesmo depois, enquanto não se encontrar um comprador.

O Ministério da Economia não esclareceu quem vai pagar os salários no fim deste mês e de onde virá o dinheiro. Questionado pelo PÚBLICO, o gabinete do ministro Pedro Siza Vieira disse que “o Ministério da Economia e da Transição Digital continua comprometido em encontrar uma solução”.

O plenário desta tarde foi “muito participado”, descreve a representante do sindicato, Marisa Tavares. A garantia de que, no fim de Agosto, ninguém perde o ordenado ou o vínculo à empresa permitiu um ambiente de maior tranquilidade, mas “ninguém se sente completamente descansado enquanto não se concretizar uma solução definitiva”, acrescenta a mesma dirigente.

“Os trabalhadores fazem parte deste processo, querem ser parte da solução, estavam até dispostos a abdicarem das férias”, relata Marisa Tavares, que voltará a reunir-se com os operários na próxima sexta-feira de manhã.

Até lá, ficam todos a aguardar em casa. As informações disponíveis não permitem perceber se não há regresso ao trabalho por falta de encomendas ou por falta de matéria-prima. E também não está claro se os trabalhadores continuam em casa ao abrigo do mecanismo do Apoio à Retoma, que já os abrangia total ou parcialmente em períodos anteriores à insolvência, ou se há outro mecanismo jurídico que enquadre essa situação. Certo é que não será considerado período de férias e que, no fim de Agosto, receberão o ordenado por inteiro.

“Assim que forem chamados a regressar ao trabalho, voltarão de imediato à fábrica”, esclarece a dirigente sindical.

Aliás, Marisa Tavares frisa que as garantias transmitidas aos trabalhadores abrangem todos os salários até ao fim do processo de venda. A assembleia de credores está marcada para 26 de Outubro, mas o Governo, que representa um dos maiores accionistas e um dos maiores credores da Dielmar, apoia um processo acelerado de venda para dar viabilidade a esta empresa têxtil fundada há 56 anos no concelho de Castelo Branco.

Ao fim de dez anos consecutivos de prejuízos, a administração da Dielmar apresentou a empresa à insolvência, com um passivo de mais de 12 milhões de euros. O Estado meteu, até ao momento, cerca de oito milhões de euros nesta empresa especializada em alfaiataria, que tem ainda outros 26 funcionários na sua rede de lojas.

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