Iberdrola na mira do Governo espanhol por esvaziar barragens

Governo espanhol acusa empresa de comportamento “escandaloso” ao esvaziar barragens em ritmo acelerado para produzir electricidade quando os preços grossistas estão em níveis recorde.

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A Iberdrola está a construir um grande centro hidroeléctrico no rio Tâmega Paulo Pimenta

A Iberdrola está na mira do governo espanhol por ter esvaziado duas barragens, em Cáceres (perto da fronteira com Portugal) e Saragoça, para alegadamente produzir energia eléctrica de forma mais barata, num momento em que os preços da electricidade no mercado grossista estão em níveis recorde.

A empresa, que está a construir em Portugal um grande complexo hidroeléctrico com bombagem no rio Tâmega, foi acusada pela ministra espanhola para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, de um comportamento “escandaloso”.

Segundo o jornal El País, a governante espanhola criticou a actuação da Iberdrola numa entrevista transmitida no canal de televisão La Sexta: “Não podemos permitir, porque não é responsável, que se esvazie um reservatório em seis semanas para facilitar a turbinagem [de água para produção eléctrica]”, disse Teresa Ribera, apesar de reconhecer que a empresa presidida por Ignacio Galán agiu dentro da legalidade e dos termos da concessão.

Ao produzir de forma mais económica com a água que já tem armazenada num reservatório, a eléctrica consegue garantir maiores margens de lucro na venda, em períodos em que o preço grossista da energia é mais elevado.

Esta sexta-feira, o preço médio do mercado ibérico voltou a bater recordes, atingindo os 117,29 euros por megawatt hora (MWh), embora o preço médio para sábado já tenha descido ligeiramente para 114,63 euros por MWh, ainda assim em níveis de máximos históricos.

Num momento em que esta subida de preços penaliza as famílias e as empresas espanholas, e em que a escassez de água é um problema cada vez mais severo na Península Ibérica, o governo espanhol diz que vai actuar para impedir comportamentos como o da Iberdrola, que deixaram em mínimos de capacidade as barragens de Ricobayo (Zamora) e Valdecañas (Cáceres).

A governante disse ao canal espanhol que irá aplicar as disposições da Lei da Água espanhola, para restringir o uso pelas concessionárias dos recursos hídricos de forma a assegurar o consumo humano e os caudais ecológicos.

“O caso mais escandaloso é o de Zamora. Não é tolerável reduzir a água de uma barragem em seis semanas em 70%”, criticou a ministra, já na televisão pública RTVE.

A governante sustentou que não se pode permitir este tipo de “esvaziamentos em função do que mais convém a determinada empresa”, revelando que a Iberdrola já foi advertida por carta.

Ribera manifestou-se surpreendida por, apesar de actuar nos limites da lei, a empresa não ter tido em conta a necessidade de garantir qualidade e quantidade na captação de água pelas povoações na imediação das barragens. “É legítimo, mas não é razoável”, afirmou.

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