Primeiro-ministro do Peru vai ser investigado por alegado crime de terrorismo

A abertura da investigação baseia-se num relatório policial que dá conta da relação entre Guido Bellido com a organização terrorista Sendero Luminoso.

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O primeiro-ministro do Peru, Guido Bellido, foi escolhido para liderar o Governo pelo actual Presidente, Pedro Castillo ANGELA PONCE/Reuters

O Ministério Público do Peru abriu uma investigação ao primeiro-ministro, Guido Bellido, e ao líder do partido no poder Peru Livre, Vladimir Cerrón, por um alegado crime de terrorismo relacionado com uma ligação à organização terrorista Sendero Luminoso, autodenominada Militarizado Partido Comunista do Peru.

Num comunicado, o Ministério Público indicou que a unidade “especializada em crimes de terrorismo e contra a humanidade de Huánuco” decidiu abrir uma investigação preliminar na quarta-feira contra Vladimir Cerrón Rojas pela suposta prática do crime de terrorismo”, a qual também “compreende Guido Bellido”.

“A disponibilidade para abrir a investigação baseia-se num relatório policial que dá conta de uma entrevista, onde Eddy Bobby Villarroel Medina, presidente da Asociación Plurinacional de Reservista Tahuantinsuyanos, afirma ter conhecimento da alegada relação de Bellido e Cerrón com a organização terrorista Sendero Luminoso”, explicou o Ministério Público.

O Ministério Público também anunciou esta semana o início de outra investigação sobre Bellido e Cerrón por alegado branqueamento de capitais, no contexto de uma investigação aberta há semanas em torno da campanha eleitoral do partido e que envolve mais de 15 suspeitos.

Perante o anúncio, Cerrón – que fundou e dirige o partido no poder Peru Livre e com um discurso mais radical do que Castillo – afirmou na sua conta de Twitter que “Peru Livre é uma organização totalmente limpa desde a sua origem, [é uma] ferramenta do povo para se libertar, não é nenhuma organização criminosa”.

Guido Bellido, também do Peru Livre, foi escolhido por Pedro Castillo para liderar o executivo, um dia depois de este tomar posse enquanto Presidente a 28 de Julho. A nova investigação sobre o alegado crime de terrorismo soma-se a outra contra Bellido, por suposto crime de desculpabilização do terrorismo em relação a um conjunto de actividades que teria realizado a favor de Sendero Luminoso.

Aliás, Bellido já fez algumas declarações favoráveis ao grupo, cujo confronto com o Estado peruano gerou mais de 69 mil mortes nos anos 1980 e 1990.

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