Canadiano condenado a 11 anos de prisão na China por espionagem

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, diz que a China está a tentar pressionar o Canadá a não extraditar para os EUA a empresária da Huwaei, Meng Wanzhou, com condenações de vários canadianos.

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Michael Spavor numa visita a Pequim em 2018 KIM KYUNG-HOON/Reuters

Um tribunal chinês sentenciou esta quarta-feira o canadiano Michael Spavor a 11 anos de prisão por “fornecer ilegalmente segredos de Estado e informações secretas a forças estrangeiras”, uma decisão já condenada pelo Canadá, que a classificou como “totalmente injustificada e injusta” e a classificou como uma tomada de reféns política, diz o New York Times.

O caso começou com uma acusação contra Spavor em Junho do ano passado, e outro canadiano, Michael Kovrig, também acusado de roubar segredos de Estado. Os dois foram detidos pouco depois de, em Vancouver, as autoridades canadianas terem detido Meng Wanzhou, a responsável financeira da companhia de tecnologia Huawei, que os EUA queriam julgar por ter alegadamente contornado sanções internacionais ao Irão. 

“Condenamos esta decisão. Há a possibilidade de apresentar recurso, o que vai ser discutido com os advogados”, afirmou o embaixador canadiano na China, Dominic Barton, numa declaração à imprensa em Dandong (Nordeste), onde Michael Spavor foi julgado.

O Tribunal Popular Intermédio de Dandong anunciou a sentença numa declaração publicada no seu site: “Foi condenado a 11 anos de prisão, à confiscação de bens no valor de 50.000 yuan [6.581 euros] e à expulsão”.

Spavor foi julgado em Março, mas o tribunal decidiu que a pena seria anunciada mais tarde. Aguarda-se ainda também a pena de Kovrig, um diplomata de licença que na altura da sua detenção trabalhava para o Internacional Crisis Group, que será anunciada “numa data a ser determinada”. 

Diplomatas da Alemanha e dos Estados Unidos deslocaram-se a Dandong para ouvir o veredicto, enquanto diplomatas de 25 países se reuniram na representação diplomática canadiana em Pequim.

Spavor, que se dedicava a estabelecer negócios com a Coreia do Norte (foi quem organizou as duas famosas viagens do basquetebolista Dennis Rodman ao país), está preso desde 10 de Dezembro. Tanto Spavor como Kovrig foram presos menos de duas semanas depois de o Canadá ter detido a directora financeira da Huawei e filha do fundador da empresa chinesa, Meng Wanzhou, em Dezembro de 2018 em Vancouver, onde fazia uma escala a caminho do México, a pedido dos Estados Unidos, que pretendiam acusar Meng de fraude bancária para violar as sanções comerciais norte-americanas contra o Irão.

Por isso, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que as detenções, feitas com base em acusações falsas”, são uma tentativa de pressionar [o Canadá] a libertar a empresária” chinesa

Outro canadiano, Robert Schellenberg, que tinha sido condenado a 15 anos de prisão por tráfico de metanfetaminas, voltou a ser julgado num tribunal de recurso um mês depois da detenção de Meng. Este, num processo que demorou apenas um dia, aumentou a sentença para uma pena de morte, e o recurso da defesa foi rejeitado esta terça-feira.

O processo de extradição de Meng está ainda a decorrer no Supremo Tribunal da província de British Columbia.

Meng, cuja libertação tem sido repetidamente exigida por Pequim, está em liberdade condicional e vive com a família numa das duas mansões que possui em Vancouver.

Spavor e Kovrig têm sido mantidos em isolamento, com visitas limitadas ao pessoal consular canadiano, e em celas iluminadas 24 horas por dia, de acordo com a imprensa norte-americana.

Este caso prejudicou as relações entre o Canadá e a China, e também entre Pequim e Washington.

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