Lusodescendente diz que família morreu em Portugal após recusar vacina

Francis disse que a sua família, que se encontrava em Portugal, não recebeu as vacinas contra o novo coronavírus porque se tinham assustado com a “desinformação” anti-vacinação.

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A família foi enterrada no Cemitério do Alto de São João Twitter/@Francis45931210

Francis Gonçalves, um lusodescendente que reside no País de Gales, afirma que o irmão e os pais morreram recentemente em Portugal após se recusarem a tomar a vacina contra a covid-19, influenciados pelos movimentos antivacinas.

A história está a ser reproduzida em vários jornais internacionais e a motivar uma troca acesa de mensagens entre os que estão contra e os que apoiam a vacinação contra a covid-19.

A 7 de Agosto, Francis Gonçalves utilizou a rede social Facebook para anunciar que o jornal Wales Online o contactou para fazer um artigo sobre o que tinha acontecido à sua família.

Na notícia, divulgada esta terça-feira pelo jornal, Francis Gonçalves, que vive em Cardiff, disse que o seu irmão Shaul, 40 anos, o pai Basil, de 73 anos, e a mãe Charmagne, 65 anos, começaram a sentir-se mal no fim-de-semana de 10 de Julho, alguns dias após terem partilhado uma refeição. Duas semanas depois destes sintomas, os três estavam mortos.

Na entrevista ao jornal online, Francis disse que a sua família, que se encontrava em Portugal, não recebeu as vacinas contra o novo coronavírus porque se tinham assustado com a “desinformação” anti-vacinação.

O lusodescendente contou que o pai foi ao hospital a 6 de Julho, devido a um problema de pedra nos rins, e que acredita que ficou infectado na instituição.

Dois dias depois, uma quinta-feira, o pai e a mãe jantaram com o irmão, no apartamento que este dividia com a namorada.

Logo no fim-de-semana sentiram-se mal. Shaul sentia-se pesado e extremamente cansado e os pais foram hospitalizados, tendo testado positivo para a covid-19.

Longe da família e perante o agravar do estado de saúde do irmão e dos pais, Francis decidiu viajar para Portugal. Entretanto, em 14 de Julho teve conhecimento de que o pai tinha sido transferido para a unidade de cuidados intensivos (UCI).

A saúde dos pais, hospitalizados, agravou-se e também a do irmão piorou.

Enquanto aguardava pelos resultados do teste à covid-19 para viajar para Portugal, Francis soube que o irmão foi hospitalizado de urgência, a 17 de Julho. Na madrugada seguinte, foi informado que Shaul tinha morrido, conforme contou ao Wales Online.

A 20 de Julho, Francis foi informado pelo hospital de que o pai morrera e recebeu a mesma notícia sobre a mãe, a 24 de Julho.

Uma semana depois, em 1 de Agosto, os três elementos da família foram enterrados no cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Francis pretende mudar os corpos dos pais para outro local - para fora do talhão onde são enterrados os infectados com covid-19 - mas diz que, para já, isso não é possível.

Abalado com as mortes dos familiares, o lusodescendente manifesta-se muito revoltado, pois acredita que a vacina contra a covid-19 poderia ter conduzido a um outro desfecho, pelo menos para o irmão que “era a pessoa mais saudável” que conhecia.

Por isso espera que a partilha da sua experiência, embora “extremamente difícil”, contribua para encorajar outros a se vacinarem, principalmente aqueles que, como a sua família, têm medo das vacinas.

“Eles foram apanhados no meio de muita propaganda anti-vacinação que anda por aí”, disse ao Wales Online.

Originária da África do Sul, a família de Francis Gonçalves mudou-se para Cardiff em 2015 e, um ano mais tarde, os seus pais e irmão mudaram-se para Portugal, de onde o pai era originário.

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