Covid-19. Erradicar completamente o vírus? Sim, é “provavelmente viável”, dizem especialistas

Apesar de haver países em que o número de novos casos continuar a aumentar, especialistas acreditam que é possível erradicar completamente o vírus.

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Número de casos na Índia volta a diminuir EPA/NARENDRA SHRESTHA

A erradicação global da covid-19 é “provavelmente viável”, graças à vacinação, às medidas de saúde pública e ao interesse global em controlar a pandemia, segundo um novo estudo.

Para os signatários do estudo publicado no BMJ Global Health, as políticas de saúde e o interesse global em decorrência das crises financeiras e sociais fazem com que a erradicação do vírus seja possível, mas, segundo especialistas da Universidade de Otago Wellington (Nova Zelândia), os principais objectivos são garantir uma maior cobertura de vacinação, capaz de responder com rapidez às variantes.

“Embora a nossa análise seja preliminar, com vários elementos subjectivos, parece colocar a erradicação da covid-19 dentro do campo do possível, especialmente em termos de viabilidade técnica”, afirmam os autores do estudo, que inclui dados comparativos de factores técnicos, sociopolíticos e económicos de infecções por covid-19, poliomielite e varíola.

Os investigadores usaram um sistema de pontuação de três pontos para cada uma das 17 variáveis, incluindo a disponibilidade de uma vacina segura e eficaz, imunidade vitalícia, o impacto das medidas de saúde pública e gestão governamental eficaz de controlo da infecção.

Também a preocupação política e pública com repercussões económicas e sociais ou a aceitação de medidas restritivas foram calculadas.

As pontuações médias no estudo totalizaram 2,7 para a varíola, 1,6 para a covid-19 e 1,5 para poliomielite.

A varíola foi declarada erradicada em 1980 e dois dos três serótipos do poliovírus também foram erradicados globalmente.

Os especialistas reconhecem que, em relação à varíola e à poliomielite, os desafios técnicos da erradicação da covid-19 incluem a baixa aceitação da vacina e o surgimento de variantes mais transmissíveis.

“Porém, a evolução viral tem os seus limites. É de se esperar que o vírus acabe por atingir a sua capacidade máxima e que novas vacinas sejam concebidas”, argumentam.

A persistência do vírus em reservatórios de animais também pode frustrar os esforços, mas não parece ser um problema sério, acrescentam os investigadores.

Por outro lado, é destacado o “interesse global sem precedentes no controlo da doença e no investimento maciço na vacinação contra a pandemia”.

Ao contrário da varíola e da poliomielite, a covid-19 beneficia do impacto adicional das medidas de saúde pública, como controlo de fronteiras, distanciamento social e o uso de máscaras, que “podem ser muito eficazes, se [forem] bem implantadas”.

A eliminação da covid-19 foi alcançada e sustentada em longos períodos, em várias regiões asiáticas, “fornecendo a prova [...] de que a erradicação global é tecnicamente possível”, resumem.

O estudo identifica, entre os desafios futuros, conseguir a cooperação internacional para combater o “nacionalismo das vacinas”.

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