Greta é capa da Vogue Escandinávia: “A indústria da moda é uma grande responsável pela crise climática”

A activista Greta Thunberg é capa da primeira edição da Vogue Escandinávia. Desta vez, fala, numa revista de moda, directamente para as grandes marcas de roupa: a indústria têxtil “é uma das grandes responsáveis pela crise climática e ecológica”.

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Alexandrov Klum/Vogue

A capa da Vogue pode ser o palco perfeito para acender o debate sobre o impacto ambiental da indústria têxtil. Para falar sobre sustentabilidade, ou falta dela, o holofote aponta para Greta Thunberg, que deixa uma dica: na indústria da moda, “produção em massa” não combina com “sustentabilidade”.

A activista ambiental é a capa do primeiro número da Vogue Escandinávia. Usa um casaco que parece exagerado, demasiado largo para o seu tamanho, e uma escolha despropositada para usar num passeio pela natureza.

Em entrevista, Greta condenou a indústria da moda pela sua “enorme” contribuição para as alterações climáticas, e apelou a que as grandes marcas assumissem a responsabilidade pelo dano ambiental causado.

“A indústria da moda é uma grande responsável pela crise climática e ecológica, para não mencionar as consequências que tem para os inúmeros trabalhadores e comunidades que estão a ser explorados em todo o mundo, para que alguns possam usufruir da fast fashion, que tratam como descartável”, escreveu a activista na sua conta do Twitter.

A indústria têxtil é considerada uma das mais poluentes, do processo de produção, ao fabrico, transporte e uso, que inclui a lavagem e secagem da roupa. As consequências ambientais são o aumento da poluição e do consumo de água, a desflorestação e erosão dos solos, a emissão de dióxido de carbono e os resíduos e desperdícios que resultam desta produção em massa.

Em 2017, os europeus compraram 6,4 milhões de toneladas de roupas novas, o equivalente a 12,66 quilogramas por pessoa. Greta Thunberg, de 18 anos, avança no caminho oposto. À Vogue garantiu que comprou roupa pela última vez há três anos, e comprou-a em segunda mão.

“Muitas marcas fazem parecer que a indústria da moda está a começar a assumir responsabilidades, gastando quantias exageradas em campanhas que as retratam como ‘sustentáveis’, ‘éticas’, ‘verdes’, ‘neutras para o clima’ ou ‘justas’. Mas sejamos honestos: isto quase nunca é nada mais do que puro greenwash”, continuou, no Twitter.

A Vogue Escandinávia assume, também, uma preocupação ambiental, e não quer contribuir para a crise climática. A revista não poderá ser encontrada nas bancas, ficando apenas disponível numa loja digital, para reduzir o desperdício de embalagens e exemplares não vendidos. A sustentabilidade será um tema recorrente, promete a Vogue, mesmo quando se escreve sobre moda e design. “Dado o nosso amor pela natureza, não podíamos pensar em ninguém mais indicado para o número um”, lê-se na primeira edição da revista.

Reconhecida por iniciar, em 2018, o movimento estudantil internacional Fridays for Future, Greta Thunberg não acredita ser possível juntar na mesma frase “produção em massa” e “sustentabilidade”, dada a forma como o mundo está hoje moldado pelo ser humano. “Esta é uma das muitas razões pelas quais precisamos de uma mudança de sistema.”

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