Sondagens colam sociais-democratas aos Verdes na Alemanha

Conservadores da CDU mantêm liderança nas intenções de voto para as eleições de Setembro mas arriscam, segundo as últimas sondagens, a ter o seu pior resultado.

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Apresentação da campanha do SPD, com cartazes focados na gestão de Scholz nas Finanças, aqui com o tema "reformas estáveis" CARSTEN KOALL/EPA

As últimas sondagens estão a dar alguma esperança ao Partido Social-Democrata (SPD, de centro-esquerda) de que o resultado nas próximas eleições de Setembro possa ser menos mau do que o que vinha a ser previsto nos últimos meses, com duas sondagens a mostrar os sociais-democratas com o mesmo valor do que os Verdes, que têm estado, há meses, num firme segundo lugar.

Na mais recente sondagem do instituto Insa, publicada no domingo, o primeiro lugar mantém-se da CDU, com 26% dos inquiridos a escolher o partido conservador chefiado por Armin Laschet, um valor bastante baixo, e no segundo lugar aparecem empatados os Verdes e o SPD, com 18% de intenções de voto para cada. Na sondagem o Partido Liberal Democrata (FDP) registava 12% das intenções de voto, o nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD) 11% e o Die Linke (A Esquerda) 7%.

Já na semana passada, outra sondagem do YouGov dava 28% das intenções de voto à CDU, e 16% para quer os Verdes, quer o SPD. Seguiam-se o FDP com 12%, a mesma percentagem para a AfD, e A Esquerda com 8%.

Nas eleições de 2017, o SPD registou o pior resultado da sua história da Alemanha do pós-guerra, com 20,5%. Nessas eleições a CDU de Angela Merkel desceu para 33%, o resultado mais baixo a seguir a 1949, quando obteve 31%. As últimas sondagens não dão uma perspectiva animadora a Armin Laschet, com os valores para os democratas-cristãos a oscilar entre 24% e 30%. Em relação às últimas eleições, a grande subida será dos Verdes, que tiveram apenas 8,9% em 2017. A AfD poderá manter ou descer ligeiramente, já que então foi o terceiro partido com 12,6%, os liberais poderão subir um pouco dos 10,7% da última votação e A Esquerda deverá descer dos 9,2% que obteve então.

Quanto a candidatos a chanceler, as sondagens sobre quem é o mais popular têm dado origem a piadas e artigos de opinião por “nenhum dos anteriores” ser o que obtém uma clara maioria, chegando a 50% na última sondagem do instituto Forsa para as televisões RTL e N-TV. A seguir, aparece o candidato social-democrata e ministro das Finanças, Olaf Scholz, com 21%, seguido de Annalena Baerbock, dos Verdes, com 16% e só então o mais provável chanceler, Armin Laschet com apenas 13%. Laschet, que chefia o governo da Renânia do Norte-Vestefália, tem sido criticado pela sua resposta às cheias, dizendo que não é um acontecimento destes que fará mudar totalmente a política em relação às alterações climáticas, e também pela gaffe na visita à região, quando foi mostrado a rir enquanto em primeiro plano discursava o Presidente, Frank-Walter Steinmeier.

O facto de ter o mais popular entre os candidatos e de o partido mostrar uma subida nas sondagens pode dar alguma esperança ao SPD, com os cartazes de campanha a pôr a tónica na competência de Scholz, as suas mãos firmes no ministério das Finanças, no fundo, o candidato mais parecido com a chanceler cessante, Angela Merkel (que sairá quando é ainda muito popular, e a taxa de aprovação pelo trabalho feito nos seus quatro mandatos é de 75%, segundo uma sondagem da semana passada da Infratest-Dimap).

O analista Malte Meissner, que criou o site e modelo Vorcast (lê-se Forecast, “previsão”), argumenta que a coligação mais provável, com base nestes valores, seja uma que junte a CDU, Verdes e FDP, a chamada “coligação Jamaica” – que foi a solução tentada após as últimas eleições, mas que falhou quando os liberais desistiram das negociações.

Segundo a média de sondagens do jornal Die Zeit, teriam maioria quatro potenciais coligações. Em termos de maioria de deputados, primeiro estaria uma coligação com CDU, Verdes e SPD; de seguida a Jamaica; em terceiro CDU, SPD e Liberais; em quarto lugar Verdes, SPD, e Liberais – esta última seria a única variante em que o chanceler não seria Armin Laschet, mas sim Annaela Baerbock ou Olaf Shcolz, conforme fossem os Verdes ou o SPD o partido mais votado.

A coligação CDU-Verdes aparece com 50%, mesmo na margem de erro – e mesmo que seja possível se os resultados se mantiverem, não é vista como a mais provável neste momento: não há muitas hipóteses de a CDU querer governar com uma maioria tão ténue, já que é um partido avesso ao risco num país onde a ideia de um governo minoritário é quase impensável. A actual “grande coligação”, uma espécie de bloco central que junta democratas-cristãos e sociais-democratas, não teria uma maioria. 

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