Incêndios abrandam na Grécia mas não dão descanso na ilha de Eubeia

Fogos da última semana já destruíram 65 mil hectares: no mesmo período, entre 2008 e 2020, ficaram queimados em média 1700 hectares. À Grécia chegaram bombeiros e meios enviados por 22 países.

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Num momento em que não tinha acesso a água, um bombeiro usa um ramo para tentar apagar as chamas em Eubeia KOSTAS TSIRONIS/EPA
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Habitantes de Eubeia tentam ajudar a controlar o fogo junto à cidade de Istiaia KOSTAS TSIRONIS/EPA
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O fumo espesso tem dificultado o trabalho de quem combate os fogos na ilha KOSTAS TSIRONIS/EPA

A maioria dos mais de 100 fogos que chegaram a assolar a Grécia estava esta segunda-feira estabilizada ou a perder força, mas não é esse o cenário na ilha de Eubeia, de onde continuam a chegar relatos de chamas descontroladas. Nuvens de fumo espessas e sufocantes envolviam durante a manhã a área costeira de Pefki, no norte da segunda maior ilha grega.

Com várias aldeias e vilas evacuadas a cada dia, muitos habitantes continuavam a juntar-se à espera de poderem entrar nos barcos que têm sido usados para retirar a população da ilha, uns 200 km a Leste de Atenas. Os moradores mais jovens acompanhavam os mais idosos até a praia, descreveu a AFP.

O vice-ministro da Protecção Civil, Nikos Hardalias, tinha anunciado no domingo “uma outra noite difícil”. Sem a ajuda de meios aéreos, os bombeiros lutaram até ao amanhecer na zona de Monokarya, tentando evitar que as chamas atingissem a cidade de Istiaia, escreve a agência de notícias grega ANA. De manhã, as prioridades centraram-se nos municípios de Kamatriades e Galatsades. “Se o fogo entrar por ali, as chamas vão encontrar uma floresta espessa e difícil de extinguir”, disseram os bombeiros.

Apesar de já ter chegado à Grécia ajuda enviada por 22 países, ainda se ouvem muitas críticas de escassez de meios entre as autoridades locais. Actualmente, estão 650 soldados na ilha, incluindo 250 estrangeiros, principalmente da Sérvia e da Roménia. Ao mesmo tempo, os onze aviões e helicópteros mobilizados enfrentam “sérias dificuldades” para trabalhar face à turbulência e ao fumo muito denso.

“Como um filme de horror”, assim descreveu o que estava a passar Mina, uma mulher grávida de 38 anos, retirada da ilha ao final do dia de domingo. “Mas agora isto não é um filme, é a vida real, é o horror com que vivemos há uma semana”, disse à Reuters. Entre terça-feira e domingo, a guarda costeira tirou de Eubeia mais de 2000 pessoas.

Às portas de Atenas, o fogo, que já destruiu dezenas de habitações, perdia intensidade neste arranque de semana. Mas “o perigo de um ressurgimento é grande”, avisou Hardalias. Foi nos arredores da capital que um bombeiro morreu na sexta-feira, a primeira de duas vítimas mortais destes fogos.

Centenas de bombeiros continuavam ainda a combater as chamas no sopé do Monte Parnes, uma cordilheira de floresta densa a norte de Atenas. Muitos vieram de Israel, outros de Chipre e França, como parte do sistema europeu de bombeiros. O incêndio de Creta, no Sul, foi dado como controlado, enquanto a situação na Península do Peloponeso, assim como no Ocidente e Leste do país, estava finalmente estabilizada.

Os incêndios da última semana irromperam em várias regiões durante a pior vaga de calor em três décadas. No conjunto das três zonas mais afectadas, os incêndios já destruíram 65 mil hectares – só em Eubeia, onde os fogos permanecem “ferozmente descontrolados”, escreve o site Greek Reporter, as áreas queimadas já cobrem mais de 46 mil hectares. No mesmo período, entre 2008 e 2020, ficaram queimados uma média 1700 hectares em todo o país.

Com a Protecção Civil grega sobrecarregada, os especialistas avisam que o pior ainda está para vir, estimando que durante o resto do mês de Agosto “muitas áreas de floresta se transformem em barris de pólvora”, escreve o diário Ekathimerini.

Para já, vai valendo a dimensão da resposta externa – o país nunca tinha recebido tantos apoios para combater incêndios, com 22 países (da União Europeia e não só) a enviarem bombeiros, equipas de resgate, helicópteros, aeronaves e equipamento. Mas os peritos ouvidos pelo jornal grego notam que muitos países vizinhos enfrentam os seus próprios problemas com fogos, pelo que a ajuda será necessariamente limitada.

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