América do Norte, Rússia, Sul da Europa: há uma parte do mundo em chamas

Fumo dos incêndios da Sibéria chegou pela primeira vez ao Pólo Norte. Cientistas repetem alertas – subida da temperatura global está a aumentar o risco de fogos em todo o planeta.

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Um bombeiro observa uma secção da estrada em busca de focos de incêndio para atrasar a propagação do Dixie, que é já o segundo maior incêndio da história da Califórnia FRED GREAVES/Reuters
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Um homem agarrado a uma mangueira é ajudado a subir uma encosta junto à vila de Gouvez, na ilha grega de Eubeia Reuters
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“Alguns dos incêndios mais preocupantes, em termos de gestão das alterações climáticas”, são os que têm acontecido na região de Yakutia, na Sibéria EPA

No fim de Junho, o Canadá e os Estados Unidos registavam as mais altas temperaturas da sua história. A meio de Julho, espantávamo-nos com as chuvas torrenciais no Centro da Europa e na China. Menos de um mês depois, a combinação de calor extremo e seca prolongada alimenta alguns dos piores incêndios de que há memória. Da Sibéria à Califórnia, passando pela Grécia, as consequências das alterações climáticas estão aí, das inundações às ondas de calor.

As chamas da Califórnia estão entre 107 grandes incêndios activos em 14 estados norte-americanos, nenhum tão devastador como o Dixie, nome da estrada onde começou há 25 dias. Desde então, arrasou 187 mil hectares em quatro condados e destruiu mais de 400 estruturas, tornando-se no segundo maior fogo da história da Califórnia, só ultrapassado pelo August Complex Fire, de 2020, que queimou mais de 400 mil hectares e levou três meses a ser declarado extinto. 

“As ondas de calor e uma seca histórica ligadas às alterações climáticas tornaram os fogos florestais mais difíceis de combater no Oeste americano”, resume o Guardian, quando o Dixie acaba de devorar Greenville, localidade erguida na febre do ouro.

No Canadá, os incêndios continuam na Colúmbia Britânica: no domingo, e apesar da chuva do fim-de-semana, ardiam 279 fogos na província, com dezenas de milhares de pessoas pendentes de alertas de evacuação. No início de Julho, a morte súbita de 486 pessoas em apenas cinco dias fez soar os alertas na região (um aumento de 195% em relação a outros anos), com as temperaturas na província a aproximar-se dos 50 graus, numa onda de calor de intensidade rara que encerrou escolas e centros de vacinação contra a covid-19, levando à criação de centros de arrefecimento no Canadá e nos EUA.

“Alguns dos incêndios mais preocupantes, em termos de gestão das alterações climáticas”, escreveu a revista Time a semana passada, são os que têm acontecido na região de Yakutia, na Sibéria. Até ao início do mês, tinham ardido mais de 4,2 milhões de hectares este ano e “os cientistas temem que os fogos estejam a provocar o degelo de camadas do permafrost [pergelissolo, solo completamente congelado], o que pode lançar para a atmosfera grandes quantidades de metano, um potente gás de efeito de estufa”.

No fim-de-semana, a agência espacial americana NASA captou imagens de satélite que mostram o fumo dos fogos florestais da Sibéria a viajar “a mais de 3000 km de Yakutia para o Pólo Norte”, onde nunca tinham chegado. A 6 de Agosto, diz, a maioria da Rússia estava coberta de fumo.

Na Grécia, onde as autoridades têm recomendado aos residentes de Atenas que permaneçam em casa e usem máscaras para se proteger do fumo, uma parte dos cerca de 500 fogos da última semana estavam segunda-feira estabilizados ou a perder força. Não era o caso do incêndio na ilha de Eubeia, onde os bombeiros lutam para salvar localidades das chamas.

Com a pior vaga de calor em três décadas, a Grécia viu-se sem conseguir responder e a ajuda já chegou de 22 países. Pelo menos 65 mil hectares foram destruídos – no mesmo período, entre 2008 e 2020, arderam em média 1700 hectares.

Os mesmos ventos fortes imprevisíveis e altas temperaturas têm dificultado o combate das chamas na Turquia, Itália e Macedónia do Norte, com vários incêndios activos. Na Turquia, os fogos que varreram a costa Sul nos últimos dez dias mataram pelo menos oito pessoas, enquanto na Itália, a Sardenha e a Sicília continuam a ser as regiões mais afectadas, depois de um Julho que já fora especialmente difícil na Sardenha.

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