Novos protestos na Birmânia no aniversário da revolução de 1988

Em mais um protesto contra a Junta Militar, evocou-se a revolução estudantil e assinalaram-se os “33 anos desde a revolução a favor da democracia e contra a ditadura militar”.

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Imagem dos protestos contra o golpe militar da Birmânia retirada de um vídeo obtido pela Reuters OBTAINED BY REUTERS/Reuters

Manifestantes de toda a Birmânia protestaram este domingo contra a Junta Militar que governa o país, no aniversário da revolta popular de 1988, que foi reprimida pelo então Governo militar de forma sangrenta.

Os protestos foram realizados em Rangum e Mandalay, as duas principais cidades do país, além de outras localidades, segundo os media locais e participantes das redes sociais.

Os manifestantes gritaram e mostraram faixas com referência ao levantamento de 8 de Agosto de 1988, conhecido como a revolução 8888, quando milhares de estudantes convocaram uma greve geral contra o regime do general Ne Win, que tinha tomado o poder 26 anos antes através de um golpe militar, mergulhando o país na pobreza.

A revolução estudantil, que fez da líder birmanesa Aung San Suu Kyi um ícone, foi violentamente reprimida pelos militares que mataram cerca de três mil manifestantes.

“Neste domingo assinalam-se 33 anos desde a revolução estudantil a favor da democracia e contra a ditadura militar na Birmânia. Recordamos e saudamos todos os heróis da nação que deram as suas vidas”, disse, em comunicado, o político na oposição e no exílio, Dr. Sasa, que é o porta-voz do autodenominado Governo legítimo da Birmânia.

O país, com 53 milhões de habitantes, vive num caos político e social desde Fevereiro deste ano, altura em que os militares fizeram um golpe que acabou com o Governo de Suu Kyi, que está presa desde então.

A rejeição ao golpe militar foi demonstrada através de protestos em todo o país, com o movimento de desobediência civil a conseguir travar o Governo e parte do sector privado.

De acordo com os últimos números da Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão violenta da Junta Militar já tirou a vida a pelo menos 960 civis, enquanto mais de sete mil opositores ao regime foram presos arbitrariamente.

Os militares justificaram o golpe, que pôs termo a um processo democrático que haviam desenhado uma década antes, por suposta fraude eleitoral nas eleições de Novembro, nas quais o partido de Suu Kyi venceu, como aconteceu já tinha vencido em 2015.

O líder da Junta Militar, Min Aung Hlaing, proclamou-se recentemente primeiro-ministro interino e prometeu realizar eleições democráticas antes de Agosto de 2023.

“Os abusos cometidos pelos militares e a destruição da democracia têm sido uma maldição para a Birmânia moderna, e cada episódio traz um novo sofrimento ao povo birmanês. A história repete-se triste e tragicamente”, assinalou este domingo a Human Rights Watch (HRW) em comunicado.

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