Bolsonaro garante que não serão os juízes a “decidir o destino” do Brasil

Investigado por difundir notícias falsas e atacar o sistema de voto electrónico, Presidente brasileiro diz que a Justiça quer favorecer Lula nas presidenciais de 2022.

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Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil ADRIANO MACHADO/Reuters

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse no sábado que “um ou dois” juízes do Supremo Tribunal “não irão decidir o destino” do Brasil, numa referência à crise institucional causada pela sua campanha para desacreditar o sistema eleitoral electrónico.

“Faremos tudo pela nossa liberdade, por eleições limpas, democráticas. Eleição fora disso que eu falei não é eleição. Há mais de um ano tenho advertido que temos que ter eleições limpas no Brasil. Não continuem nos provocando, não queiram nos ameaçar. Quem está com Deus e com o povo tem o poder” afirmou o chefe de Estado brasileiro, citado pela CNN Brasil, num discurso perante centenas de apoiantes em Florianópolis, estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil.

“Um ou dois juízes do Supremo Tribunal Federal não vão decidir o destino de uma nação. Quem foi votado, quem tem legitimidade, para além do Presidente, é o Congresso Nacional”, acrescentou Bolsonaro.

A afirmação de Bolsonaro tem como referências implícitas os juízes Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, membro do TSE.

O TSE abriu na segunda-feira uma investigação contra o chefe de Estado na sequência de constantes ataques, nunca fundamentados, de Bolsonaro ao sistema de votação electrónica, em funcionamento desde 1996, que, na sua opinião, permitem a “fraude” eleitoral.

Em paralelo, Moraes incluiu Bolsonaro na lista de arguidos num processo em curso no Supremo Tribunal desde 2019, relativo à divulgação em redes sociais de notícias falsas contra as instituições democráticas.

Não obstante a pressão dos juízes, Bolsonaro regressou às críticas às autoridades eleitorais, sugerindo que querem favorecer o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) nas eleições presidenciais previstas para 2022.

“Aqueles que não querem a recontagem podem ser tudo menos democratas. E quem não é um democrata não tem lugar no nosso Brasil”, afirmou Jair Bolsonaro.

“Não pensem que o ladrão de nove dedos e seus amigos é que vão contar os votos dentro de uma sala secreta”, acrescentou, o Presidente, citado pelo UOL, numa referência ao facto de Lula ter perdido um dedo e a uma investigação nunca concluída a uma eventual fraude electrónica nas eleições de 2018, negada pela Associação de Peritos Criminais da Polícia Federal.

“Eu tenho limites. Alguns acham que são os donos do mundo. Vão quebrar a cara. Não continuem nos provocando, não queiram nos magoar”, ameaçou Bolsonaro.

De acordo com as últimas sondagens, Lula é o favorito à vitória nas presidenciais do próximo ano, à frente de Bolsonaro, cuja popularidade tem caído nos últimos meses por efeito das crises económica e sanitária.

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