Receitas da Huawei caíram quase 30% na primeira metade do ano. Objectivo é “sobreviver”

A maior queda foi no sector de bens de consumo, que inclui os novos smartphones que estão barrados de usar ferramentas desenvolvidas pela Google, incluindo o sistema operativo Android e apps como o YouTube.

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A popularidade dos smartphones da Huawei também está a diminuir na China Reuters/Rodrigo Garrido

As receitas globais da Huawei caíram 29% nos primeiros seis meses de 2021, comparativamente com o ano anterior. O maior problema da tecnológica foi no sector de bens de consumo que inclui os novos smartphones da marca, barrados desde 2019 de usar ferramentas desenvolvidas pela Google como a app do YouTube e o sistema operativo Android. 

A gigante chinesa revelou os primeiros resultados para 2021 esta sexta-feira. Durante a apresentação, o presidente do conselho administrativo da Huawei, Eric Xu, disse que o objectivo da empresa nos próximos cinco anos é “sobreviver.”

​Entre Janeiro e Junho deste ano, a empresa gerou 320.4 mil milhões de yuans (42 mil milhões de euros), uma descida significativa face aos 454 mil milhões de yuans (59,5 mil milhões de euros) do ano anterior. O sector de bens de consumo caiu 47%.

Há dois anos que a empresa está numa “lista negra” de entidades às quais as empresas norte-americanas — como é o caso da Google — não podem fornecer serviços ou produtos por alegadamente representarem um risco para a segurança nacional. Além da falta do sistema operativo Android, que é o mais usado em todo o mundo, as barreiras dificultaram a capacidade da Huawei obter chips e outros componentes para fabricar os seus aparelhos.

No final de 2020, a empresa vendeu a Honor, o segmento de telemóveis de média gama da Huawei, para evitar que a empresa fosse afectada pelas sanções dos EUA. “Foi uma decisão da cadeia industrial da Honor para assegurar a sua sobrevivência”, explicou a empresa num comunicado de Novembro.

Huawei perde terreno na China

A ausência das aplicações da Google torna os novos modelos de smartphone da marca menos apelativos para consumidores nos mercados ocidentais, habituados a telemóveis com Android (representa 72% do mercado global dos sistemas operativos). Na China, porém, onde muitos dos serviços da Google estão bloqueados há anos, a popularidade dos aparelhos também está a diminuir. 

Em Junho deste ano, a marca saiu da lista de cinco marcas de smartphone mais vendidas na China segundo dados da empresa de análise de mercado Canalys. É a primeira vez que isto acontece em sete anos. “As marcas de smartphones [na China] estão a competir ferozmente para explorar o declínio da Huawei”, justificou Amber Liu, analista da Canalys, na apresentação dos dados. A Honor, outrora da Huawei, ocupa actualmente a posição número cinco. 

Não é só o sector dos telemóveis a apresentar problemas. O sector de infra-estrutura de telecomunicações da Huawei (incluindo infra-estrutura 5G), caiu de 159,6 mil milhões de yuans na primeira metade 2020 para 136,9 mil milhões de yuans. Um dos problemas foram os atrasos na disponibilização de tecnologia para as novas redes 5G na China. 

Por outro lado, as áreas de negócios e serviços de computação em nuvem da empresa cresceram. Com isto, a Huawei explica que a sua margem de lucro subiu de 0,6% para 9,8%, — um porta-voz da empresa esclarece, no entanto, que isto aconteceu, maioritariamente devido a melhorias na eficiência.

“Estes têm sido tempos difíceis”, reconheceu o presidente do conselho administrativo da Huawei, Eric Xu, elogiando o esforço dos trabalhadores da empresa. As dificuldades devem manter-se nos próximos tempos. Ao falar sobre “objectivos estratégicos” para os próximos cinco anos, Xu sublinha que a missão é sobreviver: “Apesar de um declínio nas receitas do nosso negócio de consumo causado por factores externos, estamos confiantes de que os nossos negócios de telecomunicações e negócios continuarão a crescer.”

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