“Estamos a falar de um apocalipse”: incêndios continuam a devastar a Grécia e o Sul da Europa

As frentes mais ferozes do fogo estão na periferia de Atenas, na ilha de Evia e na região do Peloponeso. Ventos fortes imprevisíveis e altas temperaturas dificultam o combate das chamas. Turquia, Itália e Macedónia do Norte também têm vários incêndios activos.

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No subúrbio de Thrakomakedones, a Norte de Atenas, um residente foge da área levando consigo os seus animais GIORGOS MOUTAFIS/Reuters
Os incêndios continuam a devastar a ilha de Eubeia
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Os incêndios continuam a devastar a ilha de Evia, a cerca de 100 km de Atenas NICOLAS ECONOMOU/Reuters
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À medida que as chamas se aproximaram da vila de Limni, na ilha de Eubeia, várias pessoas tiveram de fugir de barco NICOLAS ECONOMOU/Reuters

As chamas consomem partes da Grécia pelo quinto dia consecutivo sem dar tréguas: entre sexta-feira e sábado as autoridades combateram mais de 400 incêndios espalhados pelo país. A Grécia está a enfrentar uma onda de calor com temperaturas acima dos 40ºC, considerada a pior das últimas décadas, e que levou o primeiro-ministro grego a afirmar que transformou o país num barril de pólvora. Mais uma pessoa morreu, aumentando para duas as mortes devido aos incêndios.

As frentes mais descontroladas de fogo estão na periferia a Norte de Atenas, na ilha de Evia e na região do Peloponeso, incluindo Mani, Messinia, e Olímpia, o berço dos Jogos Olímpicos. Mais de 1400 de bombeiros – contando com reforços enviados do Chipre, França, Israel, Croácia, Suécia, Ucrânia e Roménia – combatem as chamas com cerca de 20 meios aéreos. Vários países devem enviar mais recursos, nomeadamente os EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a Espanha e o Egipto. 

Uma pessoa morreu na sexta-feira depois de ter sido atingida por um poste de electricidade, não resistindo aos ferimentos. Uma segunda vítima mortal foi encontrada numa fábrica perto das chamas. Era o presidente da Câmara de Comércio de Atenas, Konstantinos Michalos. Outras 20 pessoas ficaram feridas.

Desde o final do dia de quinta-feira que o incêndio no Monte Parnitha, na periferia de Atenas, tem forçado a fuga de milhares de pessoas e as equipas de combate aos fogos têm enfrentado ventos fortes e altas temperaturas, dificultando o controlo das chamas. Embora as temperaturas tenham descido ligeiramente, o vento intensificou-se, tal como o risco de incêndio muito elevado que deve permanecer mais uns dias.

Segundo o sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, mais de 50 mil hectares arderam na Grécia nos últimos dez dias. Casas e negócios ficaram destruídos e animais morreram. ​E pelo menos 300 famílias que perderam as casas estão alojadas em hotéis, disse à agência ANA Fanis Spanos, governador regional da Grécia central.

Durante a madrugada e manhã de sábado ocorreram evacuações sucessivas nas áreas mais afectadas. “[É] mesmo terrível”, disse Thanasis Kaloudis, habitante de Thrakomakedones, que foi evacuada de sexta-feira para sábado. “Toda a Grécia ardeu”.

Em Evia, a segunda maior ilha da Grécia, a cerca de 100 quilómetros de Atenas, os incêndios estão espalhados desde uma ponta da ilha, perto do Golfo de Evia, até à outra ponta, junto ao mar Egeu. No final do dia de sexta-feira, centenas de pessoas, incluindo residentes mais idosos, fugiram de barco da vila de Limni, à medida que as chamas irrompiam pela costa e o céu se pintava de um vermelho apocalíptico. No final do dia de sábado, a frente do incêndio em Evia tinha mais de 30 quilómetros de comprimento, segundo as autoridades.

A Norte de Atenas o ar tornou-se pesado devido ao fumo das chamas e uma fina camada de cinzas cobre o chão. “Estamos a falar de um apocalipse, não sei como o descrever”, disse à emissora ERT Sotiris Danikas, responsável da Guarda Costeira na ilha.

Neste sábado, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, apelidou este Verão de “aterrador”, acrescentando que a prioridade do Governo “tem sido, em primeiro lugar, proteger as vidas humanas”. O Governo pretende reembolsar as pessoas afectadas pelos incêndios e deve designar as áreas queimadas como áreas destinadas à reflorestação, prometeu Mitsotakis.

Sul da Europa em chamas

Na Turquia, país vizinho, também fustigado, o Presidente Recep Tayyip Erdogan classificou esta época de incêndios, que já causou oito mortos, como a pior na história na Turquia. Mas ao fim de onze dias de incêndios, veio a chuva – pelo menos na província de Antalya, onde as chamas estão controladas, dizem as autoridades.

Ainda este sábado esperam-se chuvas fortes, nomeadamente em Manavgat, uma das áreas mais afectadas. Segundo o Presidente, estão cinco incêndios activos, ligeiramente menos do que nos últimos dias. Contudo, a situação continua preocupante na zona de Mugla, onde três bairros foram evacuados.

Também a Itália, especialmente na região Sul, está a ser massacrada desde o final de Julho por uma intensa época de incêndios. O presidente da região de Sicília, Nello Musumeci, declarou o estado de emergência devido aos incêndios na ilha. Na Sardenha, que há quase duas semanas assistiu a incêndios “sem precedentes”, também estão a irromper novas chamas.

Na Macedónia do Norte as chamas não dão igualmente tréguas há vários dias, particularmente no Leste do país. Mais de três mil hectares de terreno foram consumidos, levando o Governo a declarar um estado de emergência de 30 dias.

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