Há mil idosos e 2100 funcionários de lares portugueses por vacinar

Surto no lar da Santa Casa de Proença-a-Nova, com 127 casos activos, é actualmente o mais preocupante.

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Nuno Ferreira Santos

Existem cerca de 1000 utentes e 2100 funcionários de estruturas residenciais para idosos (ERPI) que ainda não receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, avança o Jornal de Notícias esta sexta-feira, citando fonte da task force de vacinação.

Estes números englobam um universo composto por 99 mil utentes e 61 mil funcionários, sendo justificados, segundo a fonte ouvida por este jornal pelo facto de existir “um reduzido número” de instituições com surtos activos e pela “constante entrada de novos profissionais”.

Nos lares com surtos, a vacinação não é colocada em marcha, tendo de ser cumprido um período de tempo após a recuperação dos utentes e funcionários infectados com o vírus. Segundo dados da Direcção-Geral da Saúde, na segunda-feira havia 53 surtos activos em lares de idosos, que envolviam 829 casos de infecção diagnosticados, sendo o mais preocupante o ocorrido no lar da Santa Casa de Proença-a-Nova, com 127 casos activos.

Na quinta-feira, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, sugeriu que se deveria pensar em “testes à imunidade” nos lares e que uma terceira dose das vacinas poderia ser uma das hipóteses estudadas pelas autoridades, como França decidiu fazer, com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, a anunciar uma campanha de terceiras doses dirigidas aos “mais frágeis e mais velhos”.

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) defendeu que a situação dos surtos nos lares de idosos merece cautelas, mas não defende a massificação dos testes nem uma terceira dose da vacina, sem evidência científica. Em declarações à agência Lusa, a propósito dos surtos nos lares, Ricardo Mexia afirmou que esta questão deve ser olhada com “bastante cautela”.

“A questão dos lares é preocupante no sentido em que sabemos que são os contextos em que mais severidade e mais mortalidade tivemos no passado”, mas, ressalvou, a situação “ainda está muito longe” do cenário vivido em Janeiro e Fevereiro, “muito mais complicado”. Nesse sentido, o responsável reiterou que é preciso “manter as cautelas” em relação à população idosa, que “é bastante vulnerável”, e defendeu que perante o surgimento de casos é necessário ser muito célere na testagem.

O coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19 afastou esta sexta-feira a possibilidade da administração de uma terceira dose da vacina em idosos nos lares, enquanto “não houver evidência científica” da sua necessidade. “Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária e, enquanto não houver evidência científica, não devemos começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos que ir já para uma terceira dose”, afirmou.

Falando aos jornalistas no final de uma visita ao Centro de Vacinação Covid-19 de Évora, o coordenador da task force, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, apontou a necessidade de se “esperar pela evidência científica” para se tomar uma decisão.

Questionado sobre a hipótese de se realizarem testes à imunidade nos lares, o responsável, recorrendo ao que disse ter ouvido “dos técnicos de saúde”, considerou que a medida “pode não ser suficiente” para dar uma ideia da situação. “A medida de anticorpos pode não ser suficiente para nós percebermos se estamos ou não protegidos contra o vírus, porque nas Células T há memória do vírus e as Células T em presença do vírus criam anticorpos”, disse.

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