Questionário de Proust. José Eduardo Martins: “Sou bruto”

O ex-deputado do PSD diz que o seu maior arrependimento é “ter perdido muito tempo a acreditar num homem que só pensou em si em vez de ajudar um homem que só pensou nos outros”.

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Francisco Romão Pereira

Qual a sua ideia de felicidade perfeita?

A mesma que o Galeano da utopia, a ideia de que está sempre um passo à frente para que eu continue a andar.

Qual é o seu maior medo?

Depender de outros, perder a autonomia.

Na sua personalidade, que característica mais o irrita?

A insegurança e a impaciência. Para minha maior desgraça nem são independentes.

E qual o traço de personalidade que mais o irrita nos outros?

A subserviência, sem distinguir a verdadeira da falsa.

Que pessoa viva mais admira?

Isto anda escasso. Admiro a última estadista: Angela Merkel.

Qual a sua maior extravagância?

Um mês de férias.

Qual o seu estado de espírito neste momento?

O de sempre: o tecto ainda nos cai em cima da cabeça.

Qual a virtude que pensa estar sobrevalorizada?

A paciência.

Em que ocasiões mente?

Muito por caridade, nunca por interesse.

O que menos gosta na sua aparência física?

Os cabelos brancos.

Entre as pessoas vivas, qual a que mais despreza?

Todos os que levaram o furto formigueiro para a política.

Qual a qualidade que mais admira num homem?

A capacidade de não se vergar por nada.

E numa mulher?

A inteligência

Diga uma palavra – ou frase – que usa com muita frequência

Não percebi … ( acompanhado de sobrolho franzido)

O quê ou quem é o maior amor da sua vida?

Os meus filhos.

Aonde e quando se sente mais feliz?

Numa praia deserta com os poucos próximos, sozinho no meio da multidão de um concerto, a cozinhar e a beber com os amigos. Voltando à resposta 1, procuro muito…

Que talento não tem e gostaria de ter?

Cantar. E saber mexer no comando do ar condicionado.

Se pudesse mudar alguma coisa em si o que é que seria?

O destino.

O que considera ter sido a sua maior realização?

Ir sempre andando a direito, com a cabeça entre as orelhas.

Se houvesse vida depois da morte, quem ou o quê gostaria de ser?

O gato da peixeira.

Onde prefere morar?

Perto da água.

Qual o seu maior tesouro?

A minha liberdade.

O que considera ser o cúmulo da miséria?

Prostituir a inteligência.

Qual a sua ocupação favorita?

Ler. Mas, nos intervalos, gosto de trabalhar.

 A sua característica mais marcante?

Sou bruto.

O que mais valoriza nos amigos?

A lealdade.

Quem são os seus escritores favoritos?

Lobo Antunes, Twain, Laxness, Andric, Turgenev, Dostoyevsky, Seth, Stendhal, Celine, Conrad, Roth (Joseph) …eu sei lá.

Quem é o seu herói de ficção?

O pastor Bjartur do Laxness nos dias de semana e o Barão de Munchausen ao fim de semana.

Com que figura histórica mais se identifica?

Francisco Sá Carneiro. Ouvi-lo hoje faz corar de vergonha pelo que aturámos depois. Gosto de acreditar que isto podia ter sido de outra maneira...  

Quem são os seus heróis na vida real?

Passei dois meses no Hospital de Santa Maria com o meu pai. Ali só há heróis.

Quais os nomes próprios de que mais gosta?

Sebastião, Frederica, Carolina.

Qual o seu maior arrependimento?

Ter perdido muito tempo a acreditar num homem que só pensou em si em vez de ajudar um homem que só pensou nos outros.

Como gostaria de morrer?

Sem grandes pesos na consciência. E, já agora, mais tarde e o mais depressa possível.

Qual o seu lema de vida?

Quem agrada geralmente, nunca agrada particularmente.

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