Feios, porcos e maus

Um olhar impiedoso sobre uma Itália pequena, em todos os sentidos da palavra, onde as crianças são adereços, testemunhas e vítimas do que as rodeia.

dino-risi,cinema-italiano,marcello-mastroianni,critica,cinema,culturaipsilon,
Fotogaleria
Testemunho desesperado de uma Itália pós-Berlusconi (ou uma Itália que Berlusconi ajudou a criar)
dino-risi,cinema-italiano,marcello-mastroianni,critica,cinema,culturaipsilon,
Fotogaleria
Testemunho desesperado de uma Itália pós-Berlusconi (ou uma Itália que Berlusconi ajudou a criar)
dino-risi,cinema-italiano,marcello-mastroianni,critica,cinema,culturaipsilon,
Fotogaleria
Testemunho desesperado de uma Itália pós-Berlusconi (ou uma Itália que Berlusconi ajudou a criar)
dino-risi,cinema-italiano,marcello-mastroianni,critica,cinema,culturaipsilon,
Fotogaleria
Testemunho desesperado de uma Itália pós-Berlusconi (ou uma Itália que Berlusconi ajudou a criar)

Por uma vez, o título português escolhido para o filme dos irmãos d’Innocenzo (a segunda longa-metragem da dupla, premiada em Berlim 2020 com o Urso de melhor argumento) não é tão descabido como se possa parecer: é de Verão que tudo se passa, e nada do que aqui se passa é bonito, solar ou bem-disposto. Antes pelo contrário. Basta reparar como é preciso esperar quase pelo finzinho do filme para ouvir a palavra que os Beatles diziam ser “tudo de que precisamos” — “amor” — e como tudo em Contos de um Verão Negro parece concebido para confirmar como os homens são animais para os outros homens. Todas estas famílias, supostamente amigas e vizinhas, parecem fechadas sobre si próprias, ao redor de uma certa ideia de “estatuto” que se esgota em si mesma. Todas elas são disfuncionais ao ponto de nem se aperceberem disso (ou, se se apercebem, ignoram-no) — à excepção das crianças, vistas menos como filhos e mais como adereços, testemunhas e vítimas do mal-estar ao seu redor. “Cuidado, as crianças estão a ver”, rezava um título de há umas décadas, e sim, elas vêem e não são burras. Aqui, os adultos são mais cruéis do que os miúdos (porque, afinal, a vida não é uma canção popular).

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar