Quando um anjo abre as asas num céu debaixo de água

Natalie Karpushenko ©
Fotogaleria
Natalie Karpushenko ©

Desde criança que Natalie Karpushenko sonha com asas e anjos. Natural do Cazaquistão, a fotógrafa já viu o mundo através da lente da câmara e, em Bali, onde vive, dá agora vida e rosto a Angel Underwater (em tradução livre para português, “anjo debaixo de água”). Nesta série de fotografias, como numa visão renascentista, um anjo voa à deriva, suportado e arrastado por corpos femininos iluminados pela luz do sol em mar alto.

“Quando mergulho em profundidade sinto-me como se estivesse a voar”, revela Natalie, em entrevista ao P3. Desde sempre que quis ilustrar esse fascínio por anjos através da fotografia e, rodeada de mar, pensou “porque não fazê-lo debaixo de água?”. Permanentemente inspirada pelas “cores, formas, figuras angélicas e corpos humanos” dos quadros de Michelangelo, Botticelli e Leonardo da Vinci, convidou a estilista Elizaveta Nor para criar as asas turvas do seu anjo imerso.

A personagem tomou o corpo de Jason Carter, amigo de Natalie, que se inscreveu imediatamente numa escola de mergulho para poder fazer parte do projecto. “Ele teve de aprender a suster a respiração e a permanecer calmo debaixo de água porque não é fácil, neste tipo de sessões nós não usamos máscara de oxigénio ou óculos, é tudo ao natural”, explica a fotógrafa. As restantes modelos, presenças que “puxam o anjo em direcção ao paraíso ou ao inferno”, tinham já completado a mesma formação, assim como Natalie que é também guia de observação de baleias.

No dia da sessão fotográfica, viajaram cerca de três horas desde Canggu, onde vivem, até ao norte da ilha de Bali, à procura da “água mais límpida”. Aí enfrentaram algumas dificuldades. “Não estávamos a conseguir fotografar, a corrente era muito forte e estava a levar-nos para cada vez mais longe do barco e da areia”, conta a fotógrafa. Depois de várias tentativas, acabaram por encontrar um outro banco de areia em mar alto. “O sol apareceu e foi como se a magia tivesse acontecido, fotografámos sem parar durante quatro horas seguidas”, relembra.

Dentro da natureza característica da arte de Natalie Karpushenko, que nasce quase sempre da água e do corpo molhado, assim se materializa Angel Underwater, uma imagem alada entre o mar e o céu.

Texto editado por Amanda Ribeiro

Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©
Natalie Karpushenko ©