O PRR e a hipótese da “média virtude”

A ancoragem regional de um projeto de reindustrialização nacional que queira “reconstruir melhor” implica que o poder central aceite a evidência de que o que é necessário para desenvolver o Norte Litoral não é o mesmo que para desenvolver Lisboa. Reverter a hipercentralização do País é um imperativo nacional.

Está aí o PRR, dinheiro europeu para o Estado aplicar no combate à crise. Olhando a história económica de Portugal, desde os tempos do ouro do Brasil, difícil será não recuperar a sucessão de “folgas” desaproveitadas — da exploração colonial às remessas de emigrantes, dos fundos estruturais ao financiamento fácil do Euro, para falar só do século XX — e não temer que a “síndrome do carrilhão de Mafra” faça de novo estragos. Porque o crescimento anémico que tem caracterizado as últimas duas décadas da economia portuguesa e os níveis muito elevados da dívida pública e privada do País têm causas estruturais que, para serem contrariadas, requerem mais do que políticas macroeconómicas. E porque a recuperação não deveria consistir num simples regresso à “velha normalidade”, mas sim numa reconstrução transformadora (“build back better”) suportada pelo PRR.

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