CGD com lucros de 294,2 milhões no primeiro semestre

Resultado líquido do banco público cresce 18% em termos homólogos. Caixa Geral de Depósitos prevê entregar 2000 milhões de euros em dividendos até 2023

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Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos Nuno Ferreira Monteiro

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um resultado líquido positivo de 294,2 milhões de euros na primeira metade de 2021. As contas publicadas nesta sexta-feira mostram um aumento de 18% nos resultados consolidados, face a igual período de 2020.

A rendibilidade líquida dos capitais próprios (ROE) neste período foi de 7,2%, acima dos 6,2% registados na primeira metade de 2020. O produto global de actividade subiu 5,9% em termos consolidados, para 858,7 milhões.

Para os lucros contribuíram um resultado extraordinário de 44,3 milhões de euros (depois de impostos) “decorrentes da reavaliação das responsabilidades com benefícios pós-emprego e provisões para o programa de pré-reformas”. Descontando esta parcela, o resultado líquido de operações correntes cifra-se em 250 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 26,2% face ao resultado corrente de 198,1 milhões de euros, registado há precisamente um ano.

“Esta evolução é sobretudo consequência da boa performance dos resultados de operações financeiras”, que subiram 210% em termos consolidados, para mais de 122 milhões de euros, "visto que ao nível dos proveitos core manteve-se a tendência negativa, marcada pela queda da margem financeira [diferença entre juros pagos e recebidos cai 8,5% para 480 milhões de euros] só parcialmente compensada pelo aumento das comissões”, lê-se no comunicado enviado pela CGD à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

O rendimento com serviços e comissões cresceu 9,1% em termos consolidados (10% e 11% em termos homólogos, na actividade nacional e internacional, respectivamente), para 325 milhões. 

Nos custos de estrutura em base recorrente há uma descida de 1,5%, para 400 milhões.

Em provisões e imparidades há uma subida de 219%, para 105,4 milhões de euros. É um custo acrescido na demonstração de resultados, que aumentou 72,4 milhões de euros face ao período homólogo, “reflectindo uma atitude de prudência face ao contexto macroeconómico actual”, diz a administração liderada por Paulo Macedo.

Moratórias totalizam 5,4 mil milhões

O crédito em moratória ascende a 5473 milhões de euros (menos 519 milhões do que no final do ano passado), equivalente a 13,7% da carteira total de crédito da CGD. Desse total, 3151 milhões dizem respeito a empréstimos a empresas e o resto é crédito a particulares. 

Daquele montante total, 530 milhões (8,7%) é considerado em Stage 3, ou seja, crédito que dificilmente será cobrado e, por isso, é coberto na contabilidade com imparidades.

A 30 de Junho, a CGD contabilizava 543 agências e 6515 funcionários, menos oito balcões e menos 406 colaboradores do que há um ano, respectivamente.

Dividendos de 2000 euros até 2023

O banco público avançou ainda esta sexta-feira que prevê entregar 2000 milhões de euros em dividendos até 2023, decisão que está dependente da administração do banco, segundo declarações do presidente executivo, em conferência de imprensa, citadas pela Lusa.

“O conselho de administração terá que se reunir para perceber o que vai fazer. O compromisso da Caixa é devolver o máximo de dinheiro e quererá pagar dividendos compatíveis com vários aspectos, de acordo com a sua política e questões de prudência”, sublinhou Paulo Macedo.

O CEO adiantou que o banco poderá entregar mil milhões de euros até Junho do ano que vem, a que se poderão somar mais mil milhões de euros até 2023, “se as coisas correrem bem”. Esta decisão final só será tomada pela administração do banco no quarto trimestre.

Em 31 de Maio, a assembleia-geral da CGD aprovou um dividendo de 83,6 milhões de euros, referente a 2020, para entregar ao Estado, de acordo com um comunicado remetido ao mercado.

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