A Braga que conheci há oito anos não é a mesma – e ainda bem

Há mais gente nas ruas, há novos restaurantes com aromas de diferentes culturas e sabores de outros países, vão-se ouvindo diferentes línguas e sotaques, os ritmos e as melodias das músicas são distintos, mas complementam-se. Há outra vida. Aliás, há mais vida.

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Paulo Pimenta

Braga cresceu e isso é notório. Aliás, sou uma das pessoas que, nestes últimos Censos, fez o número de residentes aumentar. Lembro-me de chegar à Universidade do Minho, em 2013, e a cidade que conheci não é a mesma onde vivo agora. Não que tenha abdicado das suas características, da sua identidade e da sua história – pelo contrário – aprendeu a valorizá-las. 

Passamos de uma cidade com reduzidos espaços verdes, para uma cidade onde eles começam a despontar e podemos realizar caminhadas ou brincar com as crianças nos parques. Há espaços para diferentes modalidades desportivas e estes ganharam cor, porque a arte – destaco a arte urbana – passou a fazer parte do desporto, dando-lhe cor e vida. Está presente em vários campos desportivos e não fica presa nas quatro linhas, expande-se pelas paredes da cidade. 

Há mais gente nas ruas, há novos restaurantes com aromas de diferentes culturas e sabores de outros países, vão-se ouvindo diferentes línguas e sotaques, os ritmos e as melodias das músicas são distintos, mas complementam-se. Há outra vida. Aliás, há mais vida. 

Nascer numa cidade mais pequena fez-me aprender a valorizar a oportunidade que as crianças e jovens têm em viver cá. Há várias escolas, ir ao cinema e ao teatro é algo que podem fazer a qualquer dia da semana, podem passear pelo centro da cidade em segurança e regressar a casa através de transportes públicos. Há mais variedade de empregos e se escolherem ir para a universidade, não precisam de se mudar de malas e bagagens para outra cidade, tudo o que precisam está cá. Mas, às vezes, na correria do dia-a-dia, nem nos apercebemos da sorte que temos.  

Vivo a dez minutos a pé do meu local de trabalho. Passa um autocarro na minha rua que me deixaria lá em apenas dois minutos, ou até poderia ir de trotinete eléctrica opções não me faltam, só não o faço por escolha. Mas este é um privilégio de quem vive próximo do centro da cidade. Sei bem que não é assim para todos os bracarenses. O ritmo de crescimento da minha freguesia não é o mesmo das freguesias mais periféricas e, nesse aspecto, Braga tem crescido a diferentes ritmos. 

Este crescimento vem de mãos dadas com um conjunto de consequências que são bem claras e evidentes – o aumento do trânsito e do preço das rendas, a necessidade de criar mais e melhores condições de trabalho. Isto lembra-nos que é importante crescer, mas importa também crescer com qualidade. Este crescimento não pode ser desmedido e insustentável a médio/longo prazo. Tem que ser um crescimento coeso e consistente, precisa de atrair e fixar. 

Braga precisa de contar a sua história, partilhar a sua arte, dar a provar a sua gastronomia, mostrar as suas paisagens. Contudo, não pode mostrá-las apenas aos turistas, os bracarenses também têm que ter a oportunidade de conhecer e provar o melhor que a cidade tem. Nós, que cá estamos durante todo o ano, devemos usufruir desse privilégio. A verdade é que não há ninguém que o queira tanto como nós que cá estamos. Não há ninguém que tenha tanto orgulho neste crescimento. Somos os primeiros a dizer em tom orgulhoso: “Eu sou de Braga!”. 

A Braga que conheci há oito anos não é a mesma – e ainda bem. Espero daqui a oito anos terminar esta frase da mesma forma. 

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